A lendária ferrovia Bahia-Minas, que inspirou a música “Ponta de Areia”, de Fernando Brant e Milton Nascimento, será reconstruída e reativada após 57 anos de desativação. Iniciada em 1881 em parceria entre os estados da Bahia e de Minas Gerais, a estrada de ferro deixou de ser lucrativa em 1966 e acabou desativada.
Em fevereiro, a Multimodal Caravelas (MTC) S.A, com sede em Belo Horizonte, recebeu autorização para a construção e exploração da ferrovia que religará Caravelas, no litoral sul da Bahia, a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais, pelo prazo de 98 anos. A empresa está elaborando o projeto que será apresentado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O traçado original da ferrovia tem cerca 578 quilômetros e a perspectiva é que a fase de projeto e licenciamento ambiental leve cerca de dois anos. O investimento estimado é de R$ 8 bilhões, com suporte de investidores europeus e asiáticos.
Além do transporte de cargas, há a possibilidade de transporte de passageiros na ferrovia. “O transporte ferroviário é uma importante alternativa num País que está com a frota envelhecida e estradas sucateadas”, diz Fernando Cabral, consultor da MTC. Ele observa que já há perspectivas de negócios no Norte de Minas, em especial em Salinas, com o transporte de minerais.
Representantes da MTC estiveram em Salinas no último dia 17 para apresentar e debater a construção da ferrovia Bahia-Minas. A proposta é que possa ser feita a extensão da ferrovia, incluindo o município no empreendimento.
O representante da empresa disse ainda que a ferrovia deve passar pelas mesmas cidades, só que o trajeto deverá ser diferente, pois não há possibilidade do traçado passar pelas sedes dos municípios como acontecia antigamente.
A Multimodal Caravelas informou que tem planos de oferecer serviços logísticos que contemplem a estrada de ferro Bahia-Minas, além do porto e aeroporto em Caravelas. Também está incluída a implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
O assunto já foi tratado em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Nanuque, no Norte de Minas, em junho do ano passado.
Um dos objetivos da reativação da Bahia-Minas é o transporte de eucalipto até a fabrica da Suzano em Mucuri. Os Vales do Jequitinhonha e Mucuri e o Norte de Minas possuem grandes áreas de cultivo da árvore, usada na produção de celulose.
Além do eucalipto, a ferrovia poderá ajudar a escoar a produção do Sul Baiano, como o cacau e outras frutas como melão e melancia, exportados para a Europa pelo Sudeste do país.
Outro produto que pode ser transportado pela ferrovia é o lítio. Atualmente, a Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, investe pesado na construção de uma planta de extração entre os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, para produzir lítio de alta pureza, usado na produção de baterias. A expectativa é chegar à produção de 220 mil toneladas por ano de concentrado de lítio. O produto iria até Caravelas e de lá seguiria para Ilhéus, de onde pode ser exportado.
O turismo também poderá ser fomentado com a reativação da Bahia-Minas. Há a expectativa que haja trens ou vagões de passageiros, incrementando as atrações turísticas das regiões cortadas pela ferrovia.
Com informações do Diário do Comércio
Só lembrando que esta ferrovia chegará também até o município de Salinas-MG, com projeto já aprovado.