O Parque Municipal da Matinha é um espaço zoobotânico, que recebe visitação aos domingos, em Itapetinga. No local, estão em exposição várias espécies da fauna brasileira, que são as atrações principais do zoológico. Além disso, o Parque possui um fragmento da Mata Atlântica, que é um ambiente rico em biodiversidade. No entanto, muitos visitantes desconhecem essa potencialidade, que é chamada, pela comunidade científica, de cegueira vegetal, visto que, muitas vezes, a vegetação é despercebida.
Nesse sentido, professores da Universidade Estadual Sudoeste da Bahia (Uesb) idealizaram o projeto de extensão “Conhecendo a flora do Parque Zoobotânico da Matinha”, que busca levar ascensão e visibilidade para a vegetação da região. Coordenado pela professora Ana Paula Lima, com a colaboração dos professores Leonhard Krause e Patrícia Cara, a iniciativa conta, ainda, com apoio de alunos bolsistas e voluntários da Universidade e parceria do Parque Municipal da Matinha.
“O propósito principal é trazer visibilidade à vegetação nativa, sensibilizando as pessoas da importância dessa vegetação, da manutenção das florestas nativas na região, inclusive, chegando aos produtores rurais, a ponto de, um dia, a gente realizar um grande projeto de restauração ecológica na região de Itapetinga”, explica Cara, colaboradora do projeto.
É hora da trilha – A ação ocorre durante o horário de funcionamento do Parque. Os visitantes, ao chegar ao zoológico, recebem um folder explicativo com alguns enigmas relacionados à vegetação que estão ao longo das trilhas e são guiados, por um colaborador do projeto, pelas chamadas “Trilhas das Descobertas”.
No percurso, foram colocadas placas de identificação com o nome científico e popular de algumas espécies, bem como seu potencial ecológico e acesso ao QR Code para que os visitantes possam obter mais informações. “A ideia é que essas informações fiquem à disposição para que a população possa acessar enquanto percorrem as trilhas e conhecer um pouco mais sobre as plantas”, enfatiza Cara.
Futuramente, a intenção do projeto é que as pessoas tenham autonomia para fazer a trilha, guiadas pelas placas de identificação, sem a necessidade da presença de um guia. “Essas trilhas estarão disponíveis para que as pessoas, de maneira autodidata mesmo, possam visitar”, complementa Cara.
Dalvadisio Ivo Coelho e sua filha Isabela Ivo Coelho participaram da trilha no último domingo, 16. Para eles, a experiência foi enriquecedora. “Foi muito bom e interessante. As informações foram muito boas. A gente vê que tem muita coisa para aprender aqui. Eu já conhecia as trilhas e trago meus filhos para passear por elas desde pequenos, mas nunca parando para poder olhar com calma, saber dos tipos de plantas, das informações interessantes e curiosidades igual à hoje”, relata Coelho.
José Carlos Vieira é biólogo e trabalha há 22 anos como tratador de animais no Parque. Colaborador do projeto como guia dos visitantes nas trilhas, ele afirma que é muito gratificante poder contribuir para a educação ambiental daqueles que frequentam o Parque. “A gente fica feliz, porque, na maioria das vezes, as pessoas vêm mais para ver o fragmento aberto, que é a área de zoológico. Quando você leva para a parte de trilhas, passar um pouco de conhecimento sobre a área arbórea, vegetativa, isso nos deixa feliz, porque tem muita gente que, às vezes, conhece e, ao mesmo tempo, desconhece, já que não vê os valores em si dessas vidas vegetais”, esclarece Vieira.