Nos últimos anos, tem sido notável o aumento da exigência do CPF durante as transações comerciais em lojas, farmácias e supermercados. Essa prática assemelha-se ao rastreamento de atividades que ocorre em navegadores da internet e redes sociais, resultando na compilação de informações detalhadas sobre os consumidores.
Mas por que essa tendência ganhou tanta relevância? A resposta está na crescente necessidade das empresas de compreender o comportamento individual dos clientes, com o intuito de direcionar produtos e serviços de forma mais precisa.
O ato de registrar o CPF durante as compras permite às empresas coletar dados importantes sobre os hábitos de consumo das pessoas. A coleta de dados evoluiu de maneira significativa nos últimos anos, com a automação desempenhando um papel central. Inteligências artificiais processam esses dados automaticamente, criando perfis de usuários detalhados que se transformam em produtos altamente cobiçados por diversas empresas: o histórico do cliente.
Um exemplo dessa prática, abordado em Por que você não deveria fornecer seu CPF na farmácia, explica que os dados poderiam ser utilizados por conglomerados que controlam planos de saúde. Analisando o histórico de compras realizadas na rede de farmácias frequentadas pelos clientes, a empresa poderia aumentar o valor pago pelo plano de saúde contratado, a depender dos medicamentos comprados e sua frequência.
Em outra situação, uma pessoa que não possui um plano de saúde poderia ser impactada pela análise de seu histórico de compras em farmácias. Empresas que fornecem planos de saúde poderiam negar ou dificultar a contratação com base no histórico de compras, visando evitar a cobertura de pacientes que potencialmente gerariam mais despesas do que lucro.
Assim, a prática de solicitar o CPF durante as compras não é apenas uma formalidade, mas uma estratégia de coleta de dados avançada, direcionada à análise e previsão do comportamento dos consumidores. Embora essa abordagem possa trazer benefícios substanciais para as empresas, também suscita preocupações relacionadas à privacidade e ao uso ético dos dados pessoais.
O consumidor precisa entender que é fundamental que esteja ciente de que não é obrigatório fornecer o CPF durante qualquer transação de compra. Há o direito de recusar esse fornecimento. No entanto, se optar por compartilhar os dados durante as compras, é importante compreender que essas informações podem ser utilizadas de maneira que, em determinadas situações, possam lhe prejudicar.