Nesta sexta-feira (22), à 0h27, começou o verão no Hemisfério Sul. No mesmo dia, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um balanço da primavera, marcada por temperaturas elevadas, seca no centro-norte e chuvas excessivas no Sul.
No início da semana, foi divulgado o prognóstico para o verão, lançando em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe). Também foi lançado nesta sexta, o boletim de dezembro do El Niño.
De acordo com o órgão, o maior volume de chuva foi registrado na Região Sul, divisa de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de áreas pontuais do oeste da região amazônica, com volumes superiores a 500 milímetros (mm), conforme mostram os tons em azul no mapa de acumulados abaixo. Menores volumes foram observados nas regiões Norte e Nordeste, indicados pelos tons em amarelo e laranja.
No interior da Região Nordeste e nos estados do Amapá, Rondônia e centro-norte do Pará, os volumes de chuva foram inferiores a 250 mm, considerados abaixo da média histórica (tons em amarelo, laranja e vermelho no mapa). Em Conceição do Araguaia (PA) e Caravelas (BA), onde costuma chover entre 450 mm e 550 mm na primavera, foram registrados acumulados de 131 mm e 94 mm, respectivamente, nas estações meteorológicas do Inmet.
A falta de chuva deixou os principais rios da região amazônica, como o Negro e Solimões, com volumes abaixo da média, trazendo prejuízos à navegação. Tais impactos estão relacionados à combinação de fatores, como o fenômeno El Niño e o aquecimento do Oceano Atlântico Norte.
Os maiores volumes de chuva foram observados no sul do Pará e do Amazonas, conforme tons em verde e azul, mas não foram suficientes para atingir a média histórica, apresentando desvios de 200 mm a 300 mm abaixo da climatologia (tons em amarelo, laranja e vermelho no mapa de anomalias. Dessa forma, a primavera deste ano foi a segunda mais seca desde 1961 nas regiões Norte e Nordeste, ficando apenas atrás do ano de 2015.
Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, a chuva ficou abaixo da média, mostrada nos tons em amarelo, laranja e vermelho no mapa de anomalia. Houve atraso no início do período chuvoso. Vale destacar que a primavera de 2023 foi considerada a segunda mais seca da Região Centro-Oeste, ficando apenas atrás do ano de 2020. Já em áreas do leste de São Paulo e sul de Minas Gerais, os volumes de chuva ficaram acima de 500 mm, considerados acima da média histórica, como, por exemplo, na capital paulista, que choveu 617 mm, enquanto a média é de 434 mm para toda a primavera.
Na Região Sul, a primavera deste ano foi a mais chuvosa desde os anos 60, ultrapassando os anos de 2009 e 2015. O destaque é o norte do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina, onde os volumes de chuva foram significativos e ultrapassaram 1.000 mm. No município de Passo Fundo, o acumulado de chuva chegou a 1.250 mm, ou seja, 700 mm acima da média histórica no período da primavera, conforme tons em azul nos dois mapas, que é de 550 mm.
A forte chuva provocou enchentes e transtornos em diversos municípios da região. Vale ressaltar que a chuva na Região Sul foi uma combinação de sistemas meteorológicos, como frentes frias e baixas pressões, e, também, efeitos do fenômeno El Niño.
Temperaturas
Quanto às temperaturas, a primavera foi marcada por calor extremo em grande parte do País e eventos de ondas de calor, reflexo dos impactos do fenômeno El Niño, que tende a favorecer o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. As temperaturas máximas e mínimas ficaram acima da média nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte do Nordeste, com maiores desvios de temperatura máxima variando entre 2°C e 4ºC acima da média, mostradas nos tons em vermelho do mapa de máximas acima. Já os valores de desvios da temperatura mínima variaram entre 1,5ºC e 2,5ºC, conforme tons em laranja no segundo mapa.
Durante a estação, foram observadas cinco ondas de calor, porém, a mais ampla e persistente ocorreu entre os dias 8 e 19 de novembro. Como resultado, diversas cidades registraram temperaturas máximas acima de 40°C, especialmente em áreas de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Destaque para o município de Araçuaí (MG), onde a temperatura máxima bateu recorde de 44,8°C no dia 19 de novembro de 2023 – considerado o dia mais quente no histórico de medições do Brasil.
Veja o balanço completo da Primavera 2023