Há exatamente 22 anos, a Lei 10.436 foi sancionada, um marco legal que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio oficial de comunicação e expressão da comunidade surda no Brasil. Apesar dos progressos significativos, especialistas e ativistas salientam que ainda há um caminho longo para a inclusão efetiva dos surdos, especialmente no ambiente educacional.
No coração dessa jornada por direitos mais equânimes está o Instituto Federal Baiano (IF Baiano), campus Guanambi, que desenvolveu um projeto de extensão inovador sob a coordenação de Jaiara Farias Miranda de Araujo, tradutora e intérprete de Libras. O projeto, chamado “Adaptação de Materiais Didáticos para Estudo Individual de Discentes Surdos do Ensino Médio”, visa promover a acessibilidade em Libras e fortalecer a autonomia dos estudantes surdos.
Este projeto pioneiro já produziu 19 vídeos em Libras cobrindo disciplinas como Biologia, Geografia, Português e Literatura, disponíveis no canal do YouTube “Adaptação de Materiais em Libras”. A iniciativa busca eliminar a dependência constante de tradutores/intérpretes, dando aos alunos surdos maior independência nos seus estudos.
A divulgação do projeto à comunidade surda incluiu dois eventos principais. O primeiro ocorreu em 22 de março de 2024 na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada) de Guanambi, onde a equipe apresentou os objetivos e os materiais produzidos. A reunião contou com interações dinâmicas, sorteios e distribuição de lembranças, recebendo elogios significativos dos participantes. O segundo evento foi realizado em 2 de abril de 2024, na sala de vídeo do Colégio Luiz Viana, onde os materiais foram apresentados aos estudantes surdos e à comunidade escolar, reforçando a mensagem de que uma educação inclusiva de qualidade depende de ações concretas que promovam igualdade de oportunidades para todos.
Na avaliação da coordenadora do projeto, “os feedbacks dos eventos e do uso dos materiais didáticos adaptados foram extremamente positivos, tanto dos alunos quanto dos professores. Essas atividades não apenas educam, mas também fomentam uma maior compreensão e respeito pela Libras e pela cultura surda”, disse Jaiara.
Ela espera que o projeto alcance não só a comunidade surda de Guanambi e região, mas também todos aqueles que acessarem o material online, consolidando o compromisso da instituição com a oferta de uma educação pública, gratuita e de excelência.
“Este projeto é um lembrete do poder e da importância da Lei de Libras, não apenas como uma ferramenta de comunicação, mas como um pilar fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva”, concluiu.
Além de Jaiara, a equipe é formada pelos Tradutores(as)/Interpretes de Libras Daniella Brito de Oliveira Cotrim, Rízia Thienne Fernandes Oliveira Soares, Joata Mota de Jesus e Julianno da Silva Lima, pela Revisora Braille, Erijane da Silva Ferreira, pela professora de Libras e coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com necessidades Específicas (Napne), Joilce Karine Fernandes Silva Pereira, pela Técnica em Assuntos Educacionais e equipe gestora do projeto, Ivonete Nascimento Castro, e pelos monitores Samuel da Trindade Oliveira e Soraia Santos Texeira, estudantes de Engenharia Agronômica.
Para mais informações e para acessar os vídeos, visite o canal do YouTube: Adaptação de Materiais em Libras, e contribua com sua inscrição, curtidas e compartilhamentos para apoiar essa causa vital.