A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, publicou nota técnica que oficializa a utilização das EDL’s (Estações Disseminadores de Larvicidas) como estratégia nacional para o controle do Aedes aegypti e do Aedes albopictus, vetores da dengue e outras arboviroses.
De acordo com informações da Agência GOV, a tecnologia EDL foi desenvolvida pelo Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia) do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA) da Fiocruz Amazônia.
As estações disseminadoras utilizam a fêmea do mosquito como aliada na dispersão de larvicida, capaz de impedir a proliferação dos focos do transmissor da dengue, zika e chikungunya.
O objetivo do Ministério da Saúde é replicar em nível nacional a tecnologia, que utiliza água em um pote plástico de dois litros recoberto por um tecido sintético impregnado de larvicida.
A armadilha atrai as fêmeas do Aedes aegypti para colocar ovos e ao pousar elas se impregnam com o larvicida presente nas estações.
Essas fêmeas, impregnadas com larvicida, ao visitarem outros criadouros acabam contaminando outros recipientes com o inseticida, o que impede o desenvolvimento das larvas e pupas, reduzindo a infestação e, por conseguinte, o avanço da doença.
“A adoção da estratégia pelo Ministério da Saúde é motivo de satisfação para nós que atuamos no Núcleo Prev Amazônia, uma vez que, com a medida, o Brasil se torna o primeiro país a adotar a metodologia em um programa nacional oficial”, comemora o pesquisador Sérgio Luz, coordenador do Núcleo PReV Amazônia e responsável pela pesquisa, juntamente com o biólogo José Joaquin Carvajal Cortes, que também é pesquisador do Núcleo PReV Amazônia.
“As EDLs são a prova de que nossas pesquisas se tornam políticas públicas”, observou Luz. A nota orienta às secretarias sobre como devem proceder para implementar a estratégia de controle.
A estratégia já foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões do país.
A nota técnica explica que o Ministério da Saúde tem fomentado e acompanhado o desenvolvimento de novas estratégias para vigilância entomológica e controle de Aedes aegypti.
“Em 2016, com a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em decorrência da epidemia por zika, foi realizada a Reunião Internacional para Implementação de alternativas para o Controle do Aedes aegypti no Brasil, com a participação do Governo Federal, instituições de referência nacionais e internacionais e pesquisadores”, relata o documento.
A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, nº 15, que recomendou a avaliação de novas tecnologias de controle de vetores, dentre elas as EDLs.
“No Brasil, estudos realizados com o financiamento do MS entre 2016 e 2022, pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), testaram com sucesso a disseminação de piriproxifeno (PPF) em ambientes de laboratório e em áreas abertas de extensão reduzida, onde se demonstrou que a eficácia da estratégia é adequada na escala de ‘bairro’ e de municípios.
A partir desses resultados, as EDLs passaram a incorporar o rol de metodologias recomendadas pelo Ministério da Saúde, conforme apresenta nota informativa.
“Durante os estudos foi possível avaliar a eficácia e identificar e conhecer bem todos esses problemas ou ‘intercorrências” da aplicação da estratégia na prática, na escala real dos programas de controle, em diferentes cenários de cidades. Dessa forma, entendemos como melhorar os procedimentos operacionais com os meios e recursos disponíveis. Realizamos capacitação de agentes públicos e produzimos ferramentas de transferência tecnológica visando a expansão da estratégia no país”, conta Joaquin Cortes.
Contextualização
A Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroes (CGARB) do Departamento de DoençasTransmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente informa que, com o apoio técnico da Fiocruz, iniciará a expansão da tecnologia de controle populacional de Aedes com a realização de um ensaio pragmático utilizando a auto disseminação de larvicida em áreas de risco no Brasil. Neste primeiro momento será implementada em 15 cidades.
Nas EDLs, as micropartículas do larvicida em pó aderem-se ao corpo do mosquito. Como as fêmeas de Aedes spp. visitam muitos criadouros para colocar poucos ovos em cada um, elas disseminam o larvicida para esses criadouros, em um raio aproximado que pode variar entre 3 e 400 metros.
Quando as fêmeas pousam nos reservatórios para realizar a postura de ovos, ocorre a contaminação da água por meio das partículas dos inseticidas deixadas pelas fêmeas.
Desta forma, a água dos criadouros passa a ter o potencial de interferir no desenvolvimento das larvas que, dependendo da concentração do larvicida que houver no criadouro, não alcançarão a fase adulta.