Secas estão se tornando mais frequentes e intensas no Brasil

Análise do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), revela que 2024 já registra a seca de maior extensão e intensidade no Brasil em sete décadas. Áreas afetadas por alguma condição de seca somam cerca de 5 milhões de km², representando aproximadamente 58% do território nacional.

Segundo a especialista em secas do Cemaden, Ana Paula Cunha, a seca atual é a mais extensa da história recente do país. Ela destaca que, mesmo em anos de secas expressivas como 1998 e 2015/2016, a área afetada não ultrapassou os 4,5 milhões de km².
A análise foi realizada utilizando o Índice de Precipitação Padronizado de Evapotranspiração (SPEI), que considera a quantidade de chuva e a evaporação.

Desde a década de 1990, os períodos de seca se tornaram mais frequentes, enquanto os períodos úmidos foram significativamente inferiores em comparação às décadas anteriores.
Monitorado pelo Cemaden, a seca é um fenômeno que causa impactos econômicos significativos. Em 2023, cerca de 30% dos municípios brasileiros relataram pelo menos um mês em condições de seca severa, extrema ou excepcional, afetando mais de 42 milhões de pessoas.

O boletim de monitoramento de agosto indicou 3.978 municípios com algum grau de seca, com previsão de aumento para 4.583 em setembro. A especialista alerta para a intensificação da seca no Centro-Norte do país, além do aumento do risco de incêndios florestais. O monitoramento também revelou que 45 terras indígenas estão em condição de seca extrema e 161 em seca severa.

A quantidade de dias secos consecutivos já ultrapassou 120 em várias regiões, impactando a agropecuária, especialmente as safras de milho e feijão. Cunha destaca que a qualidade das pastagens está em declínio devido ao prolongado período de seca, o que afeta a pecuária extensiva. O Cemaden avalia mensalmente a condição de seca com base em variáveis como déficit de chuvas e umidade do solo.

O boletim de agosto de monitoramento de secas e impactos pode ser acompanhado por este link.

Notícias Relacionadas

Deixe uma respostaCancelar resposta

Sair da versão mobile