Acordo para restauração deve permitir volta do vapor Benjamim Guimarães ao Rio São Francisco em 2025

O histórico vapor Benjamim Guimarães, uma das embarcações mais emblemáticas do Rio São Francisco, pode voltar a navegar em breve. A embarcação, principal atração turística de Pirapora (MG), está parada há dez anos devido a impasses no processo de restauração.

O Benjamim Guimarães é uma das últimas embarcações a vapor de seu tipo no mundo, com uma história diretamente ligada à navegação comercial no Rio São Francisco, entre a segunda metade do século 19 e meados do século 20. Além de sua importância no transporte fluvial, a embarcação é um símbolo da paisagem e da memória cultural do rio, com relevância local, regional e nacional.

A restauração do vapor terá um investimento total de aproximadamente R$ 5,8 milhões, financiado pela Eletrobras por meio de um acordo entre a Prefeitura de Pirapora, proprietária da embarcação, e o Ministério de Minas e Energia, no âmbito do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba.

O acordo também envolveu o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo a prefeitura, as obras devem ser concluídas até janeiro de 2025, com a previsão de que o vapor retome suas atividades turísticas, gerando empregos e fomentando o turismo na região. Os trabalhos de restauração devem começar nos próximos dias, após a prefeitura assumir a responsabilidade pela execução do projeto, que havia sido atrasado devido à falta de repasses financeiros.

Inicialmente, o Iepha estava à frente da restauração, no entanto, o convênio com o Iphan foi rompido pela falta de repasse de recurso recursos por parte do órgão federal. Já a prefeitura pretendia fazer um financiamento junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Com o novo acordo, a prefeitura não precisará contrair a dívida, preservando o patrimônio cultural tombado pelo Iepha.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a restauração do vapor Benjamim Guimarães vai além de uma simples reforma física. O projeto busca compatibilizar os interesses do setor elétrico com o resgate histórico e cultural da embarcação, reforçando o compromisso com as futuras gerações.

História do Vapor Benjamim Guimarães

Construído em 1913 nos Estados Unidos, o Benjamim Guimarães chegou ao Brasil para servir à Amazon River Plate Company no Rio Amazonas. Na década de 1920, a embarcação foi transferida para o Rio São Francisco, onde passou a transportar passageiros e cargas entre Pirapora e Juazeiro (BA). Durante muitos anos, o vapor foi um elo entre o Nordeste e o Sudeste do Brasil. Na década de 1980, passou a operar exclusivamente para o turismo.

Em 2014, o vapor foi desativado por recomendação da Capitania dos Portos. A restauração começou em 2020, mas foi interrompida sem ser concluída, deixando o patrimônio vulnerável às margens do Rio São Francisco, como ocorreu entre os anos de 2020 e 2022.

Cheia em janeiro de 2022 ameaçou canteiro onde embarcação está ancorada para restauração, parada há meses – Reprodução | Redes Sociais

Com capacidade para transportar até 140 pessoas, o Benjamim Guimarães é permitido a navegar em rios, lagos e correntezas sem ondas ou ventos fortes. A embarcação foi tombada como patrimônio estadual em 1985, inscrita no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.

Entre suas características construtivas, o vapor é uma embarcação fluvial de popa quadrada, com uma máquina a vapor de 60 cavalos de potência alimentada por lenha. A embarcação pode estocar até 28 toneladas de combustível e tem um sistema de propulsão com roda de pás na popa, atingindo uma velocidade máxima de 6,5 nós.

O peso total descarregado é de 243,42 toneladas, com capacidade adicional de até 66 toneladas. O vapor mede 43,85 metros de comprimento e 7,96 metros de largura.

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