Na última quinta-feira (19), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou a reintrodução do horário de verão no Brasil. A medida, no entanto, ainda dependerá de uma avaliação do governo federal, que promete uma decisão nos próximos dez dias. Se aprovada, a mudança pode ser implementada ainda em 2024, mas não necessariamente durante toda a estação de verão.
Durante uma reunião na sede do ONS, no Rio de Janeiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a importância de um planejamento fundamentado na ciência e na busca pelo equilíbrio entre a segurança energética e tarifas justas para a população. “Temos dados objetivos sobre a crise hídrica que estamos enfrentando e o Cemaden, que monitora os índices pluviométricos desde 1950, aponta que estamos no menor índice de chuvas em 74 anos”, informou Silveira.
Apesar da recomendação da ONS, o ministro assegurou que não há risco energético iminente para 2024, em função do planejamento já realizado. No entanto, ele enfatizou a necessidade de uma análise cuidadosa e de diálogos com setores relevantes antes de decidir sobre a adoção do horário de verão. Silveira também salientou que, se a situação indicativa apontasse para um risco energético claro, a decisão de implementar a medida seria imediata.
O horário de verão, instituído no Brasil em 1931, foi aplicado continuamente de 1985 até 2019, quando foi revogado sob a justificativa de que sua eficácia na economia de energia era limitada. Silveira criticou essa decisão, afirmando que levou o país a uma crise energética em 2021, resultando em um custo significativo para a população.
O ministro também apontou que, embora a geração de energia não enfrente problemas atuais, há momentos críticos entre 18h e 21h, quando a demanda é alta, o que pode aumentar os custos e estressar o sistema. Ele observou que o horário de pico pode estar mudando, com novas demandas se concentrando entre 14h e 16h, período em que a geração de energia solar é maximizada.
Diante desse cenário, a discussão sobre o horário de verão é vista como uma questão de sustentabilidade energética, com Silveira citando o Canadá como exemplo de país que ainda adota essa prática. A decisão final, no entanto, será baseada em dados técnicos e planejamento a longo prazo.