Órgãos ambientais e instituições de pesquisa se mobilizam desde segunda-feira, 14 de outubro, para proteger uma fêmea de elefante-marinho e seu filhote, nascidos na praia do Siriú, em Garopaba (SC).
Esse evento, o primeiro registro de nascimento de um elefante-marinho no Brasil, acontece na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca e conta com ações de monitoramento intensivo e controle de acesso ao local.
Equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do IBAMA, da Polícia Ambiental, da Prefeitura de Garopaba, do Instituto Australis, do LabZoo/Udesc e do Projeto Cetáceos atuam na proteção dos animais.
Essas instituições integram a rede do Protocolo de Encalhes de Mamíferos Marinhos da APA da Baleia Franca e têm se revezado para evitar interferências que possam prejudicar o bem-estar da mãe e do filhote.
O chefe da APA da Baleia Franca, Stéphano Diniz, reforça que manter distância, evitar sons altos e respeitar a proibição de circulação de veículos na praia são medidas essenciais para garantir a segurança dos animais.
Saúde da mãe e filhote
Desde o nascimento, registrado em 11 de outubro, a mãe e o filhote têm sido acompanhados pelas equipes do Instituto Australis e do LabZoo/Udesc.
Essas equipes realizam monitoramento diário para avaliar suas condições de saúde e, até agora, o filhote está se alimentando bem e ganhando peso, e ambos apresentam bom estado geral.
As avaliações são feitas à distância para evitar que a mãe se estresse e abandone o filhote.
A operação conta com o apoio de cerca de 50 voluntários treinados que orientam os visitantes a seguir as recomendações durante a permanência dos animais na praia, estimada em 20 dias.
As instituições reforçam a necessidade de cooperação para assegurar a sobrevivência do filhote, lembrando que maltratar animais é crime, conforme a Lei 9.605/98.
Orientações
- Evite se aproximar: os animais são selvagens e podem reagir à presença humana.
- Mantenha uma distância mínima de 50 metros da área de descanso dos animais.
Sobre a espécie
O elefante-marinho pertence à família dos focídeos, com duas espécies principais:
O elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina), encontrado no Hemisfério Sul, e o elefante-marinho-do-norte (Mirounga angustirostris), que habita o Hemisfério Norte.
As colônias de elefantes-marinhos-do-sul se reproduzem em áreas mais frias, como nas ilhas subantárticas, longe de predadores e com clima adequado para o desenvolvimento dos filhotes.
No Brasil, o nascimento de filhotes é raro, pois o país está fora das rotas migratórias e áreas de reprodução da espécie.
A Coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio) considera o nascimento em Santa Catarina um fato surpreendente.
Ela atribui o evento possivelmente às mudanças climáticas, que podem estar alterando os habitats naturais e as áreas de ocorrência das espécies.