Projeto mapeia espécie de sapo exclusiva da Mata Atlântica que está ameaçada de extinção

O projeto “Cantoria de Quintal” possibilitou a cidadãos-cientistas enviarem gravações e fotografias que contribuíram para o mapeamento do sapinho-de-chifre-paviotii (Proceratophrys paviotii), um anfíbio endêmico da Mata Atlântica e classificado como Quase Ameaçado (NT) de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A iniciativa é coordenada por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) desde 2020, em Santa Teresa, Espírito Santo, onde a unidade de pesquisa está vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Por meio do aplicativo WhatsApp, cidadãos de diversas idades e localidades interagem com especialistas, enviando gravações sonoras e imagens do sapinho-de-chifre. Até o momento, 42 registros foram coletados por dez cientistas cidadãos, gerando material genético inédito e informações sobre o repertório vocal da espécie, que ainda é pouco conhecida.

O estudo inovador confirma a identidade genética e as relações evolutivas do sapinho-de-chifre, além de documentar seu repertório vocal. Segundo João Victor A. Lacerda, pesquisador do INMA e coordenador do projeto, cada espécie de anfíbio apresenta características únicas em seu canto e DNA, o que facilita seu reconhecimento em diferentes regiões.

Apesar da classificação como Quase Ameaçado, os registros indicam que o sapinho-de-chifre não é tão raro quanto se pensava, sendo reportado até em quintais. O pesquisador destacou que essa descoberta sugere a possibilidade de a espécie ser reavaliada como Pouco Preocupante no futuro. Contudo, ele ressaltou que o estudo não tem como objetivo alterar o status de conservação da espécie neste momento.

O projeto “Cantoria de Quintal” é pioneiro no Brasil ao coletar gravações enviadas pelo público. Desde seu lançamento, recebeu mais de 900 contribuições de 160 cidadãos-cientistas, abrangendo cerca de 40 espécies, incluindo algumas ameaçadas de extinção.

A iniciativa visa engajar o público em outras fases da pesquisa, como a criação de guias fotográficos e textos científicos, por meio de colaborações com estudantes, professores e a comunidade local.

Os resultados do projeto foram divulgados em um artigo publicado na revista internacional PeerJ em outubro, com a participação de pesquisadores do INMA, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Federal do ABC (UFABC). A publicação reforça a importância da colaboração entre instituições acadêmicas e a sociedade na pesquisa científica.

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