Após vídeos circularem nas redes sociais mostrando alta concentração de ferro e alumínio na água bruta do reservatório da barragem de Ceraíma, em Guanambi, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) emitiu uma nota garantindo que a água tratada fornecida à população está dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde.
Atualmente, além das águas que chegam do Rio São Francisco pela adutora do algodão, a estatal faz complementação por meio do reservatório para abastecer municípios do entorno de Guanambi e de Caetité.
A empresa disse que os metais presentes na água bruta são removidos no tratamento, sendo que o alumínio é utilizado no próprio processo de remoção de impurezas, em forma de sulfato de alumínio, que funciona como coagulante e floculante.
Em nota, a Embasa informou os resultados das análises da água bruta e tratada, indicando que há uma redução significativa dos níveis de ferro e alumínio após o tratamento.
Ferro:
- Na água bruta: 3,17 mg/L;
- Na água tratada: <0,2 mg/L.
- O limite permitido pela legislação é 0,3 mg/L.
Alumínio:
- Na água bruta (diretamente da barragem): 3,00 mg/L;
- Na água tratada (saída da estação e rede de distribuição): <0,1 mg/L.
- O limite permitido pela Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde é 0,2 mg/L.
A Embasa ressaltou que monitora continuamente a qualidade da água e disponibiliza os resultados ao público por meio da Vigilância Sanitária (Vigiágua) e em seu site oficial.
Aumento da concentração de metais
O aumento de metais na água do reservatório da Barragem tem sido notado nos últimos anos devido a várias intervenções na bacia do Rio Carnaíba de Dentro. Embora a qualidade para o abastecimento humano tenha sido constatada pela Embasa, agricultores do Perímetro Irrigado de Ceraíma estão preocupados com possíveis danos ao desenvolvimento das plantas devido ao aumento da concentração de metais.
De acordo com uma nota técnica do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), publicada em 9 de agosto, a concentração de ferro na água do reservatório ocorre de forma natural devido à presença dos minerais na região, no entanto, é intensificada durante o período chuvoso e por atividades humanas na bacia.
O desmatamento e as obras de implantação de parques eólicos e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) aceleraram o processo devido à intensa movimentação de solo. Estes minerais acabam sendo levados para os leitos dos cursos d’água e chegam até o reservatório.
O relatório também destaca que não foi apurada nenhuma relação entre o aumento de metais no reservatório e as atividades de mineração da Bahia Mineração (Bamin) no projeto Pedra de Ferro. A empresa possuiu um sistema de disposição de resíduos de mineração a seco em uma das vertentes da altas da bacia.
Durante as vistoriais, iniciadas após denúncias sobre a piora da qualidade da água, as equipes do Inema constataram que o minério identificado mais comum é a magnetita, um material metálico com propriedades magnéticas, encontrado em riachos, solos expostos e cortes de estradas vicinais nas proximidades da barragem.
A nota técnica do Inema recomendou medidas para minimizar o impacto do carreamento de materiais, como intensificação da fiscalização para evitar desmatamento na área de contribuição do reservatório, além de adequação das estradas vicinais e monitoramento contínuo dos níveis de ferro e alumínio nos afluentes e no reservatório.