As exportações baianas atingiram US$ 792,2 milhões em dezembro, resultado 27,7% menor que o registrado no mesmo mês do ano anterior. Ainda assim, no acumulado do ano de 2024, as vendas externas alcançaram US$ 11,73 bilhões com um crescimento de 3,6% em relação a 2023.
Segundo o portal de comunicação do governo da Bahia, mesmo com as oscilações nos preços das commodities e no volume de embarques, o ano passado foi o segundo maior da série histórica, só superado pelo ano de 2022, quando as exportações chegaram a US$ 13,92 bilhões.
As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan), a partir da base de dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O resultado das exportações em 2024 foi positivo pela manutenção do patamar elevado mesmo com as dificuldades enfrentadas no ano com as incertezas econômicas e o enfraquecimento dos preços gerais das commodities, que permaneceram fracos ou estáveis, principalmente devido à desaceleração econômica da China.
O aumento no valor exportado em relação ao ano passado, ainda assim, foi resultado da resiliência nos preços médios que melhoraram no geral em 6,4% em relação ao ano anterior, principalmente de alguns produtos importantes da nossa pauta como celulose, derivados de petróleo, minerais, metais preciosos, derivados de cacau e café dentre os mais importantes, o que fez compensar a queda no volume exportado em 2,6%.
A Bahia continua liderando as exportações do Nordeste com 47,2% de participação nas vendas externas da região, 1,8 pontos percentuais a mais que em 2023. O desempenho das exportações tem desdobramentos positivos na economia baiana, dinamizando a atividade econômica do estado em diversos setores, especialmente na agropecuária e na indústria de transformação, relevantes vocações do estado.
No ano passado, o destaque foi o desempenho da indústria de transformação, que voltou a crescer e a liderar a pauta com exportações de US$ 5,58 bilhões e aumento de 1% ante o ano anterior.
As exportações agropecuárias baianas atingiram US$ 4,62 bilhões, com crescimento de 3% em relação ano passado, mesmo com uma estimada queda de 6,3% na produção física de grãos. No caso da indústria extrativa, houve aumento de 17% a US$ 1,43 bilhão com destaque para as vendas de ouro e minério de cobre.
Por segmento, a liderança pauta do estado permaneceu com a soja e seus derivados com vendas de US$ 2,97 bilhões (queda de 4,2%), representando 64,3% das vendas do setor agropecuário e 25,3% das exportações estaduais.
As exportações baianas para China, principal destino dos produtos brasileiros, cresceram 4,1% em 2024 em relação ano anterior, atingindo US$ 3,36 bilhões ou 28,6% do total exportado pela Bahia no ano passado. As vendas totais para a Ásia também lideraram por bloco econômico com US$ 5,51 bilhões em vendas e participação de 47% do total.
Destaque para o vertiginoso aumento das exportações baianas para a Espanha, com um aumento de 214,1% frente a 2023 (US$ 568,9 milhões), ocupando agora o posto de quinto maior mercado para as exportações estaduais com compras diversificadas de soja e derivados, minério de cobre, produtos químicos, café e frutas.
Importações
As importações baianas chegaram a US$ 10,68 bilhões em 2024, alta de 25,4% ante 2023. Também as compras do estado no exterior registraram o segundo maior resultado da série histórica, só superado pelo ano de 2022 quando alcançou US$ 11,36 bilhões.
No mês de dezembro, as importações alcançaram US$ 601,2 milhões, com aumento de 28,6% no comparativo interanual. A alta das importações em 2024 segue tendência que vêm ocorrendo mês após mês desde o segundo trimestre do ano passado.
Ao contrário do que foi registrado nas exportações, os preços médios dos produtos importados caíram 8,8% no ano passado, enquanto o volume de compras aumentou 37,5%.
As compras externas, que nos últimos meses do ano passado mostram mais claramente aceleração acima do esperado, principalmente de combustíveis – gás, petróleo cru e nafta, com aumento anual de 86%, registraram alta bem acima das exportações, mesmo considerando o câmbio desfavorável. Esse comportamento se deve tanto pela redução de preços como pelo maior ritmo atividade interna refletida no aumento do volume de compras.
Em 2024, as compras de bens intermediários lideraram as importações com 49,5% de participação, mas apresentou ligeira redução de 0,7% nos desembolsos, reflexo da redução dos preços dos insumos, já que o volume desembarcado desses produtos no período cresceram 20%.
Os combustíveis representaram 44,3% do total das compras do estado e foram responsáveis pelo salto das compras externas no ano ao registrarem incremento de 73,1% no comparativo interanual.
Houve aumento também nas compras de bens de capital em 1,5% e nos bens de consumo em 4,5%. A quantidade importada, principalmente desses produtos se acelerou independentemente da depreciação do real frente ao dólar ocorrida de forma mais aguda no último trimestre principalmente via redução de preços, bastante influenciado pela China, que com super oferta em vários produtos e alvo de medidas protecionistas, derrubou preços para desovar produtos em vários mercados.
Para 2025, a esperada desaceleração econômica deve pesar nas importações. As exportações devem ser favorecidas por safra agrícola melhor que a de 2024, mas há incerteza sobre preços.
Por enquanto oscilações abruptas de cotações de commodities não estão no radar, mas há incerteza sobre o câmbio e também sobre o rumo do conflito comercial entre China e Estados Unidos e seu impacto na economia global.