Os Pesquisadores descobriram uma nova espécie de planta do gênero Lippia, no Parque Estadual Serra Nova e Talhado, na região norte de Minas Gerais. A nova espécie, batizada de Lippia aonae, foi nomeada em homenagem à professora Lidyanne Yuriko Saleme Aona Pinheiro, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). O estudo que descreve a planta foi publicado na revista internacional Acta Botanica Brasilica.
O ponto de partida para a descoberta da Lippia aonae aconteceu no herbário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi lá que Pedro Cardoso, durante análises para a pesquisa do seu doutorado em 2021, encontrou dois espécimes (indivíduos coletados no campo e herborizados), provenientes de Monte Azul (MG) e região.
A partir daí, o pesquisador levantou a hipótese de que as amostras encontradas poderiam representar uma espécie ainda não descrita. “Iniciei um trabalho de busca por outros espécimes, consultando outros herbários brasileiros e plataformas virtuais que contém imagens de exsicatas em alta resolução”, relata Cardoso.
Segundo ele, a dificuldade em encontrar mais amostras foi devido ao fato de a região norte mineira ser pouco estudada, o que resulta em uma biodiversidade ainda pouco conhecida. Além disso, as características da planta dificultam sua localização: trata-se de uma espécie de pequeno porte, com cerca de 50 centímetros de altura, que cresce principalmente em fendas de rochas.
Para driblar essas dificuldades, Cardoso buscou a parceria de Danilo Zavatin, da Universidade de São Paulo (USP), que com a equipe do projeto Planos de Ação Territoriais (PAT) Espinhaço Mineiro, realiza expedições científicas periódicas na região onde a Lippia ocorre. “Compartilhei com ele todas as informações sobre a planta, incluindo suas características e possíveis localidades de ocorrência, buscando apoio para coletar novos indivíduos e obter dados mais completos e valiosos sobre a espécie”, detalha.
Após várias tentativas, Zavatin conseguiu encontrar uma subpopulação da Lippia no Parque Estadual Serra Nova e Talhado. Ele coletou algumas amostras e, com isso, “começamos a trabalhar juntos na análise morfológica detalhada e foi possível constatar que a planta se tratava de uma nova espécie”, explica Cardoso. Juntos, eles coletaram informações detalhadas sobre a planta, como as cores das flores, o tamanho da subpopulação e, além disso, produziram ilustrações com fotografias de alta qualidade para acompanhar a descrição da espécie.
Homenagem
Com a confirmação da nova espécie, o próximo passo dos pesquisadores foi nomeá-la. A nomeação segue as regras da nomeclatura binominal, que consiste em duas palavras. A primeira corresponde ao gênero ao qual pertence, e a segunda ao epíteto específico, que identifica a espécie dentro do gênero e pode fazer referência a uma pessoa.
De forma consensual, eles escolheram homenagear a professora Lidyanne Aona. “Essa homenagem é, para nós, uma forma de expressar nosso carinho e reconhecimento pelo trabalho de botânicos tão competentes, como ela, que dedicam suas vidas ao ensino e à pesquisa da biodiversidade brasileira –que ainda guarda muitas espécies por descobrir”, explicou Cardoso.
Para Lidyanne, receber a homenagem é “uma alegria e uma responsabilidade para que a espécie não se perca na natureza. Me sinto honrada e muito feliz por ser uma nova espécie de um dos lugares de Minas Gerais bem pouco explorado, em termos botânicos”. Ela ressalta que a descoberta reflete a importância de continuar pesquisando porque “ainda temos muito a conhecer sobre a flora do norte de Minas Gerais e em outras áreas pouco estudadas e coletadas, como ocorre aqui na Bahia”.
Além da Lippia aonae, outras duas espécies já foram nomeadas em homenagem a Lidyanne: Physeterostemon aonae Amorim, Michelang. & R.Goldenb, da família Melastomataceae, publicada em 2016, e Dichorisandra aonae M.Pell. & Q.S.Moraes, da família Commelinaceae, publicada em 2022.