As chuvas registradas na primeira quinzena de janeiro foram suficientes para elevar os níveis do Rio São Francisco, atingindo cotas de alagamento em trechos no Norte de Minas Gerais e na Bahia.
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), os níveis do rio estão sendo monitorados em várias localidades, com estabilização em alguns pontos e perspectiva de novas cheias em função da previsão de chuvas intensas.
Após atingir o pico em municípios de Minas Gerais, como São Romão, São Francisco e Pedras de Maria da Cruz, o volume do rio avançou para áreas da Bahia. Em Carinhanha e Bom Jesus da Lapa, os níveis subiram consideravelmente, com o trecho entre Paratinga e Ibotirama apresentando uma estabilização gradual nesta sexta-feira, 24 de janeiro.
O fluxo das águas segue em direção ao reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho, que desempenha um papel crucial na geração de energia elétrica e na gestão hídrica da região Nordeste do país.
Em nenhuma das cidades cortadas pelo Velho Chico, a cheia causou alagamentos. No entanto, comunidades ribeirinhas e moradores de ilhas foram diretamente impactado com o aumento das águas, o que é comum em anos de muita chuva na Bacia.
Picos de cheia
Em Minas Gerais, o Rio São Francisco alcançou cotas de alerta e inundação em várias cidades. Em São Francisco, o nível chegou ao pico de 8,23 metros no dia 18 de janeiro, excedendo a cota de inundação. Embora o volume tenha diminuído, o rio ainda permanece em estado de alerta, marcando 6,90 metros nesta sexta-feira (24).
Já em Carinhanha, o pico ocorreu na terça-feira (21), quando o rio atingiu 6,54 metros, apenas seis centímetros abaixo da cota de alagamento, estabelecida em 6,60 metros. Atualmente, o nível está em 6,35 metros, permanecendo dentro da cota de atenção.
Uma imagem registrada por drone mostra a barreira que o Velho Chico faz sobre o rio Carinhanha, alagando toda a sua foz.
Na Bahia, Bom Jesus da Lapa registrou o pico da cheia na quinta-feira (23), com o nível do rio chegando a 7,92 metros, oito centímetros abaixo da cota de alerta, que é de 8 metros. A previsão é de que o nível comece a diminuir nas próximas horas.
Apesar da cidade ter registrado alagamentos com centenas de desalojados na última semana, a causa foi o volume intenso de chuvas e problemas com drenagem em bairros próximos à margem do rio.
Em Ibotirama, o rio apresenta estabilidade, mantendo-se próximo a 6,01 metros. Essa estabilização reflete o tempo mais firme registrado na região nos últimos dias.
A vazão no Rio São Francisco no estado ultrapassou os 4.500 metros cúbicos por segundo (m³/s) no reservatório de Sobradinho, que atualmente está com 62% do volume útil. A vazão defluente foi reduzida para pouco mais de 1.100 m³/s, o que permitirá um aumento no armazenamento do reservatório nos próximos dias.
Vale lembrar que a medição nível do rio varia de cidade para cidade, de acordo com a geografia do local. Locais onde o rio é mais estreito tem cotas mais elevadas do que onde o rio é mais largo. As definições de cota de atenção e alagamento são estabelecidas pelo SGB de acordo com as características da calha do rio.
Previsão de chuvas e impactos
Apesar do tempo estável nos últimos dias, os modelos de previsão climática indicam a possibilidade de chuvas volumosas entre os últimos dias de janeiro e o início de fevereiro.
No Alto São Francisco, acumulados acima de 200 mm são esperados nos próximos dez dias, com as precipitações previstas já para o final desta semana. Essas chuvas devem contribuir para o aumento do volume da Hidroelétrica de Três Marias, que atualmente está com 70% de sua capacidade.
A partir de 28 de janeiro, o Noroeste de Minas Gerais pode receber acumulados entre 100 mm e 200 mm, enquanto o Norte do estado deve registrar volumes entre 90 mm e 150 mm.
No Extremo-Oeste e Vale São Franciscano da Bahia, os acumulados podem ultrapassar 100 mm até o dia 3 de fevereiro, com chuvas mais moderadas, acima de 50 mm, previstas para a parte leste da bacia.