O Governo Federal está em busca de investidores para viabilizar a compra da Bahia Mineração (Bamin), empresa responsável por grandes projetos no estado.
Segundo informações do BP Money, a estratégia envolve a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ficará com 50% da empresa, enquanto a Vale (VALE3) adquirirá 30%. Os 20% restantes estão sendo oferecidos a investidores privados.
Em janeiro, a CNN Money já havia revelado que a Vale estava em negociações para a compra de sua participação na Bamin. O acordo inclui os três principais ativos da empresa: a jazida de minério de ferro em Caetité, a concessão do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul em Ilhéus.
Com as obras da Bamin avançando em ritmo lento, o governo decidiu intervir e utilizou as negociações sobre as concessões ferroviárias da Vale — Estrada de Ferro Carajás (EFC) e Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) — para também tratar da questão da mineradora baiana.
De acordo com um ministro ouvido pelo BP Money, a Vale aceitou comprar o “pacote completo”, o que inclui o projeto Pedra de Ferro, o trecho 1 da Fiol e o Porto Sul em Ilhéus. O governo já iniciou a busca por investidores para os 20% restantes da Bamin.
Em nota enviada ao BP Money, a empresa afirmou que “não comenta especulações de mercado”, mas garantiu que o projeto integrado Pedra de Ferro, que engloba mina, ferrovia e porto, segue em andamento sem alterações e devidamente licenciado.
Grupo controlador da Bamin tenta vender a empresa
Atualmente, a Bamin pertence ao Eurasian Resources Group (ERG), grupo de origem cazaque com sede em Luxemburgo. Segundo a reportagem, nos últimos cinco anos, o grupo tentou atrair sócios estratégicos para viabilizar investimentos da ordem de R$ 30 bilhões no complexo da mineradora, mas não obteve sucesso.
Agora, o ERG busca se desfazer do controle da Bamin e pede, no mínimo, o valor já investido no projeto: US$ 1,2 bilhão.
Investimentos no Porto Sul e Ferrovia Oeste-Leste
Em setembro de 2024, o Ministério dos Portos e Aeroportos concedeu um empréstimo de R$ 4,5 bilhões, com verba do Fundo da Marinha Mercante (FMM), para a construção do novo terminal do Porto Sul, que será integrado à Ferrovia Oeste-Leste (Fiol).
A Bamin prevê um investimento total de R$ 20 bilhões em seus projetos na Bahia, incluindo a operação da Mina Pedra de Ferro, em Caetité. A meta é que a produção atinja 26 milhões de toneladas anuais de minério de ferro até 2026, quando a Fiol e o Porto Sul entrarem em operação.
O trecho 1 da ferrovia, com 537 km de extensão, ligará Caetité ao Porto Sul, em Ilhéus, permitindo o escoamento da produção mineral da região.
Obras da Bamin enfrentam atrasos
A reportagem também destacou que o ritmo lento das obras tem comprometido o cronograma da mineradora. O projeto original previa a produção de 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, mas, até o momento, apenas 1 milhão de toneladas foram extraídas.
O trecho ferroviário de 537 km entre Caetité e Ilhéus, que já tem 75% das obras concluídas, segue praticamente paralisado. Além disso, o Porto Sul ainda não teve suas obras deslanchadas, o que impede a utilização da ferrovia para escoamento da carga.
Sem a conclusão do trecho 1 da Fiol e do Porto Sul, os outros segmentos da ferrovia enfrentam dificuldades para viabilizar economicamente a logística de transporte de cargas.
O projeto do Porto Sul prevê, inicialmente, a construção de um terminal para minério de ferro, com a possibilidade de expansão para o transporte de grãos em uma etapa posterior.
Cronograma e expectativas
Em março de 2024, o BP Money procurou a Bamin para esclarecimentos sobre o andamento das obras. Em resposta, a empresa afirmou que o cronograma segue em curso, com previsão de conclusão para 2027.
Questionada sobre os rumores de possíveis atrasos, a mineradora negou a informação e afirmou que as obras continuam em andamento.
Até o momento, a empresa concluiu diversas infraestruturas relacionadas ao Porto Sul, incluindo o desvio da BA-001, a Ponte sobre o Rio Almada, o viaduto sobre a BA-648, acessos e interseções rodoviárias, além da abertura da pedreira Aninga e instalações administrativas.
Apesar dos desafios, o Governo Federal e a Vale seguem em tratativas para garantir a viabilidade do projeto, essencial para o desenvolvimento da mineração e da infraestrutura logística na Bahia.