A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), órgão responsável pelo monitoramento climático nos Estados Unidos, informou em janeiro que o fenômeno La Niña teve início em dezembro do ano passado. No entanto, análises recentes das temperaturas da superfície do oceano indicam que a transição para um estado neutro pode ocorrer mais cedo do que o previsto inicialmente.
De acordo com o boletim semanal mais recente da NOAA, a anomalia da temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4, localizada no Pacífico Equatorial Central-Leste, foi registrada em -0,3ºC. Esse valor se enquadra na faixa de neutralidade, que varia entre -0,5ºC e +0,5ºC. Essa é a primeira vez, desde a semana de 4 de dezembro, que essa região apresenta um dado semanal dentro do patamar neutro.
Se a tendência atual se mantiver, é possível que o próximo relatório da NOAA também indique valores dentro da faixa de neutralidade, afastando-se dos critérios mínimos para a configuração de La Niña. Entretanto, isso não significa que o fenômeno tenha chegado ao fim, pois é necessário um período prolongado de temperaturas neutras para que a transição seja confirmada, algo que pode ocorrer ao longo de março.
Desde fevereiro, La Niña está em seu terceiro mês, impactando o clima de diversas regiões. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a estiagem causada pelo fenômeno resultou em temperaturas elevadas e prejuízos na safra de verão, afetando a produção de culturas como soja e milho.
Paralelamente, na região Niño 1+2, que abrange as águas costeiras do Peru e Equador, a temperatura do mar registrou uma anomalia de +0,9ºC. Apesar disso, essa área não apresentou valores dentro dos padrões de La Niña por um período prolongado, indicando que o evento atual tem características do tipo Pacífico Central, sem alcançar a costa da América do Sul de maneira intensa.
Com o aquecimento das águas próximas ao Peru, o país tem enfrentado chuvas intensas nos últimos dias. Há discussões sobre a possibilidade de um El Niño costeiro, fenômeno que poderia aumentar a precipitação no Rio Grande do Sul, mas especialistas peruanos ainda não confirmam essa hipótese.
As projeções indicam que La Niña não deve persistir por muito tempo. De acordo com a NOAA, as probabilidades para os próximos meses mostram uma tendência de neutralidade no clima. Para o trimestre de março a maio de 2025, as estimativas apontam 34% de chance de La Niña, 66% de neutralidade e 0% de El Niño. Nos meses seguintes, a possibilidade de um El Niño aumenta gradualmente, mas a neutralidade continua sendo o cenário mais provável para grande parte do ano.