O ferry-boat Juracy Magalhães Júnior foi oficialmente afundado nesta sexta-feira, 21 de março, na Baía de Todos-os-Santos, nas imediações do bairro do Rio Vermelho, em Salvador.
A ação, planejada pelo governo da Bahia em parceria com o Inema, a Marinha do Brasil e a Secretaria de Turismo, tem como objetivo transformar a antiga embarcação em um recife artificial, promovendo a preservação ambiental e o turismo de mergulho na região.
Com cerca de 800 toneladas e 71 metros de comprimento, o ferry estava fora de operação desde 2018, após quase 46 anos transportando passageiros entre Salvador e a Ilha de Itaparica. Desde então, a embarcação permanecia inativa.
“Ele foi afundado em um local de fundo arenoso, onde não há recifes naturais. É um ponto ainda pouco explorado pela vida marinha, mas que, com o tempo, será colonizado por diversas espécies de peixes”, explicou Rodrigo Maia Nogueira, biólogo e mergulhador científico que acompanhou o processo.
O deslocamento até o ponto de afundamento foi feito com apoio da Marinha, a uma velocidade de aproximadamente 6 km/h. A descida até o fundo do mar levou cerca de 35 minutos, sob o olhar atento de diversas embarcações que acompanharam a operação.
Essa é a segunda ação do tipo realizada em Salvador nos últimos cinco anos. Em 2020, o ferry-boat Agenor Gordilho e um rebocador também foram afundados, dessa vez no mar do Comércio, com a mesma finalidade ecológica e turística.
Antes de ser submerso, o ferry passou por um rigoroso processo de limpeza e preparação. Foram removidos motores, tanques de combustível, plásticos, tubulações contaminadas com óleo e graxa, além de componentes elétricos – tudo para garantir a segurança ambiental do local.
“O navio precisa estar basicamente limpo e composto apenas de ferro. Às vezes esse processo leva tempo, porque a vistoria precisa garantir que não haja risco para o ecossistema”, afirmou Indayá Silva e Silva, coordenadora técnica do Inema.
Além dos benefícios ambientais, a iniciativa também reforça o potencial turístico da Baía de Todos-os-Santos.
“Essa é uma forma de preservar a memória de uma era da navegação na Bahia, ao mesmo tempo em que fomentamos o turismo de mergulho, que atrai visitantes e aumenta o tempo de permanência dos turistas no estado”, destacou o secretário de Turismo, Maurício Bacelar.
Com o afundamento do Juracy Magalhães Júnior, Salvador ganha mais um ponto de mergulho que une história, natureza e lazer subaquático, ampliando as possibilidades de exploração sustentável da costa baiana.