Na noite deste sábado (29), o Jornal Nacional exibiu uma reportagem que expôs os impactos da poluição por esgoto nas águas do rio São Francisco.
Entre 2017 e 2023, expedições científicas realizadas por universidades federais reuniram evidências preocupantes sobre a contaminação do rio, seus efeitos na fauna aquática e os riscos para comunidades ribeirinhas.
De acordo com os estudos, a maioria das cidades localizadas às margens do Velho Chico ainda despeja esgoto sem tratamento diretamente no rio, sem nenhum tipo de tratamento. Isso compromete a qualidade da água e oferece riscos tanto para banhistas quanto para os consumidores de peixes da região.
“Existem vários riscos. O risco da saúde, o contato direto com a população ribeirinha, também a contaminação dos peixes, porque no próprio esgoto sanitário que a gente produz, pode ter também alguns poluentes emergentes que nem sempre são removidos em um processo convencional de tratamento”, afirmou Eduardo Lucena, engenheiro sanitarista da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Apesar dos estudos e dos alertas de especialistas, ações concretas para conter o problema ainda são escassas. O Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco elaborou mais de 100 planos municipais de saneamento, mas as medidas propostas ainda não foram implementadas.
“Nós precisamos que essas medidas sejam tomadas de imediato, que esses esgotos sejam retirados do rio, que sejam tratados. E que possamos devolver o Velho Chico à saúde que ele precisa, para que todo o povo que precisa do Velho Chico aproveite tudo isso”, destacou Maciel Oliveira, presidente do comitê.
Em Alagoas, o consórcio Águas do Sertão, responsável pelo saneamento de 34 municípios, firmou um acordo com o governo estadual para investir quase R$ 2 bilhões nos próximos oito anos. Os recursos serão destinados à expansão da rede de esgoto e ao fornecimento de água tratada.
“Todos esses investimentos serão mais volumosos até o 11º ano, até 2033, que é o que preconiza o Marco Legal do Saneamento, para levar toda essa infraestrutura para 90% da população”, explicou Heron Lima, gerente operacional do consórcio.
A reportagem encerrou com o apelo de Jackson Borges, aposentado e morador da região: “Nós precisamos de ação e compromisso com São Francisco para que ele seja preservado para as futuras gerações”.