O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, anunciou durante a Festa do Leite, no povoado Santa Rosa do Ermírio, o projeto Adutora do Leite.
A iniciativa prevê a construção de um sistema de 108,60 quilômetros para transportar água do Rio São Francisco, interligando os municípios de Canindé de São Francisco e Nossa Senhora da Glória. O investimento será superior a R$ 240 milhões, com a expectativa de aumentar a produção para 2 milhões de litros de leite por dia.
De acordo com o Movimento Econômico, a estrutura contará com 22 reservatórios para abastecer rebanhos estimados em 152 mil bovinos, dos quais 45% estão em lactação.
O trajeto da adutora incluirá os municípios de Canindé de São Francisco, Poço Redondo, Monte Alegre de Sergipe e Nossa Senhora da Glória. A água será captada pela Coderse (Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe).
Segundo o governador, o projeto já está concluído e a licitação da obra deve ocorrer ainda este ano. O objetivo é ampliar a capacidade de produção leiteira na região, que concentra parte significativa da atividade pecuária do estado.
O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, destacou a importância do projeto para enfrentar a escassez hídrica no sertão sergipano.
Produção de leite em Sergipe
Durante o evento, Odair José, um dos organizadores da Festa do Leite, expressou satisfação com o anúncio. “Santa Rosa do Ermírio ultrapassa a produção de 300 mil litros de leite por dia, despontando na liderança como maior bacia leiteira de Sergipe”, afirmou. Outro criador, José Teles de Andrade Sobrinho, conhecido como Zé do Poço, também celebrou a notícia, destacando a importância da água para a produção local.
Segundo levantamento do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), com base em dados do IBGE, Sergipe registrou o maior crescimento na produção de leite entre os estados do Nordeste, com 132,2 milhões de litros no último trimestre de 2024, um aumento de 22,6% em relação ao mesmo período de 2023.
O crescimento é impulsionado por pequenos e médios produtores no Agreste, Centro-Sul e Sertão sergipano, que recebem apoio técnico e microcrédito do Banco do Nordeste, por meio do programa Agroamigo. Em 2024, o programa destinou R$ 122,1 milhões a mais de 9,6 mil operações voltadas à cadeia leiteira, representando um crescimento de 99,1% no valor aplicado.
Nivânia de Oliveira, produtora de Tobias Barreto, exemplifica esse avanço. Com 24 anos de experiência, ela modernizou seu sistema de produção com crédito para compra de equipamentos, como uma ordenhadeira mecânica, e atualmente produz até 200 litros de leite por dia.
Além do leite, Sergipe também apresentou crescimento no abate de bovinos para produção de carne, com aumento de 30,3% no último ano, sendo o terceiro maior da região. O estado é responsável por 9,4% dos abates no Nordeste, atrás da Bahia e do Maranhão.