O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) divulgou que cerca de 13% do território brasileiro está em situação de atenção para seca.
A informação consta em uma nota técnica publicada recentemente, que analisa o período entre outubro de 2024 e março de 2025. Durante esse tempo, as chuvas reduziram a intensidade da seca em partes das regiões Norte e Centro-Oeste, mas algumas áreas ainda enfrentam condições críticas.
De acordo com o Cemaden, o número de municípios em situação de seca moderada e extrema caiu de 2.954 em outubro de 2024 para 1.907 em março de 2025. A maioria desses municípios está localizada na região centro-sul do país. A situação de atenção, indicada na cor laranja, é definida por índices críticos de chuva e umidade do solo, sinalizando o início das condições de seca.
Situação crítica em áreas específicas
Cerca de 1,1 milhão de km², ou 13% do território nacional, está em estado de alerta, indicado na cor vermelha. Essas áreas, concentradas nas regiões Sudeste, Sul e na Bahia, enfrentam um déficit de precipitação e estresse da vegetação, o que pode impactar a agricultura e ecossistemas naturais.
A coordenadora do monitoramento de secas do Cemaden, Ana Paula Cunha, destacou que a seca atual está mais deslocada para o centro do Brasil e parte do Nordeste.
A bacia do rio Paraguai, na região Centro-Oeste, continua em situação hídrica crítica, com níveis de rios abaixo da média histórica. Segundo Giovanni Dollif, pesquisador do Cemaden, o aquecimento anômalo do Oceano Atlântico Tropical Norte pode estar contribuindo para a redução das chuvas na região central do Brasil.
Na bacia do rio Paraná, a seca prolongada tem reduzido drasticamente as vazões dos rios que alimentam a usina de Itaipu, impactando a geração de energia. A situação é agravada por um déficit de chuvas nos últimos 24 meses.
Alguns municípios da Bahia, Sergipe e Alagoas registraram longos períodos sem chuva, assim como o norte de Minas Gerais e o Rio Grande do Sul. Na região Sul, as condições passaram de normais para seca devido à influência do fenômeno La Niña.
Na região Norte, a maioria dos rios apresenta níveis acima da média histórica, exceto em alguns pontos específicos. A expectativa é que a situação melhore em abril, com a chegada das águas do rio Madeira.
O documento do Cemaden também destaca a ocorrência de ondas de calor nas regiões mais afetadas pela seca, ampliando os impactos socioeconômicos e ambientais. As regiões Sul e Sudeste registraram aumento nas áreas agroprodutivas impactadas, com a produção pecuária sendo a mais afetada devido à baixa qualidade das pastagens.