Estudo revela impactos do amianto na saúde da população de municípios da Bahia

Os resultados de um estudo sobre os impactos da exposição ao amianto foram entregues a pacientes e autoridades locais na região sudoeste da Bahia.

A pesquisa, realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Associação Brasileira de Expostos ao Amianto (Abrea) e a Associação das Vítimas Contaminadas pelo Amianto e Famílias Expostas (Avicafe), avaliou 584 pessoas para doenças relacionadas ao amianto (DRA).

De acordo com o Ministério Público do Trabalho na Bahia, a ação ocorreu entre 2 e 20 de setembro de 2024, nos municípios de Bom Jesus da Serra, Caetanos, Poções e Planalto.

O diagnóstico contou com a colaboração de equipes médicas do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Hospital do Câncer de Barretos.

Dos examinados, 66 foram diagnosticados com uma ou mais DRA. Cerca de 30% dos participantes relataram exposição ocupacional ao amianto, enquanto 70% foram expostos por meio do ambiente.

Impactos e Recomendações

A procuradora regional do MPT, Marcia Kamei, destacou a importância do diagnóstico precoce, realizado por tomografia computadorizada de baixa dose de radiação, para o sucesso dos tratamentos.

O mapeamento dos possíveis contaminados foi realizado pelas secretarias de saúde dos municípios envolvidos. O MPT destinou mais de R$ 540 mil para viabilizar diagnósticos e tratamentos, com recursos provenientes de ações judiciais contra empresas que descumpriram a legislação trabalhista.

A região foi um polo de exploração de amianto por quase 30 anos, através da mina de São Félix, ativa entre 1939 e 1967. Mesmo com a mina fechada há quase 60 anos, o relatório aponta contaminação ambiental persistente.

Estruturas como casas e estradas foram construídas com pedras de amianto, doadas pela empresa para a comunidade local. O médico Ubiratan de Paula Santos, do Instituto do Coração (InCor), explicou que a contaminação afeta trabalhadores da mina, seus familiares e moradores locais.

A avaliação clínica resultou em recomendações para o poder público, que deverá registrar os resultados em bases de dados como Sinan, SIM e Datamianto, além de criar um centro regional especializado em doenças pulmonares.

Histórico e medidas

O amianto, banido no Brasil em 2017, é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como causador de câncer. A luta contra o amianto no Brasil ganhou força nos anos 1980, com o aumento de casos de adoecimento de trabalhadores.

O MPT criou o Programa Nacional de Banimento do Amianto em 2012, atualmente chamado Grupo de Trabalho Amianto, que busca garantir condições adequadas de atendimento aos trabalhadores expostos e estabelecer termos de ajuste de conduta com empresas.

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