NOAA anunciou oficialmente o fim da La Niña

A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), agência do governo dos Estados Unidos responsável por monitorar o tempo e o clima, anunciou oficialmente o término do episódio de La Niña.

Este anúncio gerou discussões sobre os critérios utilizados para identificar fenômenos como El Niño e La Niña em um contexto de aquecimento global acelerado.

De acordo com a MetSul Meteorologia, o evento de La Niña foi declarado em janeiro pela NOAA, embora as condições já estivessem presentes desde dezembro. A MetSul já considerava o fenômeno encerrado em fevereiro, pois as condições oceânicas estavam em neutralidade há dois meses.

Os meteorologistas da NOAA afirmam que, apesar de breve e de fraca intensidade segundo dados históricos, o episódio de La Niña não foi tão fraco quanto inicialmente parecia.

Quando as condições se estabeleceram, os cientistas observaram que o fenômeno se formou mais tarde e de forma mais fraca do que o esperado. Isso ocorreu devido ao calor incomum que dominou o Pacífico e outros oceanos nos últimos dois anos, mascarando a La Niña.

A forma tradicional de medir a La Niña e o El Niño analisa as diferenças de temperatura em zonas específicas do Pacífico. Com base nesse critério, o episódio de La Niña que começou neste inverno foi considerado fraco, com impactos relativamente pequenos no clima global.

No entanto, o aumento da temperatura média dos oceanos, causado pelo aquecimento global, fez com que a zona típica de águas frias do Pacífico parecesse mais quente do que estaria em condições normais, segundo os meteorologistas da NOAA.

Debate sobre novos critérios de medição

Conforme a NOAA, a confusão surgiu porque a tabela histórica da agência não mostra os últimos trimestres na cor azul, que indicaria um evento de La Niña.

A NOAA utiliza uma média de longo prazo, atualmente de 1991 a 2020, para previsões climáticas sazonais, seguindo o padrão da Organização Meteorológica Mundial. Para previsões do ENSO, a NOAA atualiza a média a cada cinco anos para considerar mudanças no Oceano Pacífico tropical.

Emily Becker, diretora associada do Instituto Cooperativo de Estudos Marinhos e Atmosféricos da Universidade de Miami, destacou ao Washington Post que a diferença entre a forma tradicional de diagnosticar La Niña e um novo padrão que considera o aquecimento global é significativa. O novo índice, que leva em conta cerca de 1,5ºC de aquecimento global, captou com mais precisão os impactos da La Niña no clima dos Estados Unidos.

Pedro DiNezio, professor associado da Universidade do Colorado, em Boulder, afirmou que, se os cientistas tivessem usado esse novo índice, provavelmente teriam declarado a chegada da La Niña mais cedo e com mais precisão.

No entanto, ainda não está claro se a nova métrica é de fato melhor. Os cientistas estão investigando se devem substituir os métodos tradicionais aplicados ao fenômeno ENOS pelo novo índice ajustado ao aquecimento global.

Becker alertou que, embora o novo índice tenha funcionado melhor desta vez, não significa que será sempre assim. “Vamos precisar comparar os dois em muitas situações diferentes e com várias condições globais de fundo antes de tomar uma decisão como essa”, escreveu Nathaniel Johnson, cientista climático do Laboratório de Dinâmica de Fluidos Geofísicos da NOAA, no blog da agência sobre o ENSO.

A MetSul Meteorologia prevê que as condições no Pacífico nos próximos meses devem ser de neutralidade, sem El Niño e La Niña. No entanto, neutralidade não significa normalidade climática, e eventos extremos comuns em El Niño e La Niña podem ocorrer.

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