O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou nesta sexta-feira, 11 de abril, o Boletim Agroclimatológico referente ao mês de março e com as previsões para o trimestre de abril, maio e junho de 2025.
O documento traz análises detalhadas sobre o comportamento climático em todas as regiões do país, com foco nas implicações para o setor agropecuário.
O destaque é a persistência de temperaturas acima da média em praticamente todo o território nacional e a previsão de chuvas irregulares, especialmente no interior do Nordeste e em áreas do Centro-Oeste.
Previsão para abril, maio e junho
Região Norte
A previsão para o trimestre indica chuvas acima da média histórica no centro-norte da Região Norte, especialmente nos estados do Amazonas, Amapá, norte do Pará e Roraima. Essa condição deve manter os níveis de umidade do solo elevados, favorecendo o desenvolvimento de culturas típicas da região, como mandioca, milho e frutíferas.
Em contrapartida, no sul da região — abrangendo partes do Tocantins e sul do Pará — os volumes de precipitação devem ficar abaixo da média, influenciando negativamente o armazenamento hídrico e marcando o início da transição para a estação seca.
Região Nordeste
No Nordeste, o cenário previsto é de chuvas acima da média no norte da região, especialmente no Maranhão, norte do Piauí e do Ceará. Nessas áreas, os níveis de umidade do solo devem continuar satisfatórios, beneficiando as lavouras em desenvolvimento.
No entanto, no centro-sul da região nordestina, incluindo o semiárido baiano, sertão pernambucano e parte do interior do Rio Grande do Norte e da Paraíba, a tendência é de estiagem prolongada. O oeste da Bahia se destaca como uma das áreas mais quentes do país nos próximos meses, com temperaturas persistentemente elevadas. Nessas localidades, a previsão é de queda acentuada da umidade no solo, o que pode comprometer a produtividade agrícola.
Região Centro-Oeste
No Centro-Oeste, a estação seca se aproxima com a previsão de chuvas abaixo da média em praticamente toda a região. Abril ainda pode apresentar níveis moderados de umidade no solo, especialmente em áreas do Mato Grosso e Goiás, o que favorece, temporariamente, culturas como o milho segunda safra.
Contudo, a tendência é de redução progressiva desses índices nos meses seguintes, aumentando o risco de estresse hídrico para as lavouras. Além disso, as temperaturas seguirão elevadas, o que pode agravar o déficit hídrico nas fases críticas de desenvolvimento das culturas.
Região Sudeste
A previsão para o Sudeste é de chuvas abaixo da média histórica na maior parte da região, com exceção do leste, onde a passagem de sistemas frontais pode provocar episódios de instabilidade e chuvas isoladas. O cenário climático inclui temperaturas acima da média, o que pode acelerar a perda de umidade do solo.
As regiões mais afetadas por essa redução serão o norte de Minas Gerais e o oeste de São Paulo, com possibilidade de impactos diretos na agricultura, sobretudo nas culturas de milho e cana-de-açúcar.
Região Sul
A Região Sul apresentará distribuição desigual de chuvas. Enquanto o sul do Rio Grande do Sul pode ter precipitações acima da média, o restante da região — incluindo Paraná, Santa Catarina e o norte do RS — deverá enfrentar déficit hídrico.
A previsão também destaca a persistência do calor, ainda que massas de ar frio possam provocar quedas de temperatura, principalmente em áreas serranas e mais elevadas. A umidade do solo seguirá satisfatória na maior parte do território, mas há alerta para níveis mais baixos no oeste do Paraná, o que pode impactar a produtividade agrícola local.
Condições oceânicas e tendências
O boletim destaca que o Atlântico Tropical Norte e Sul apresentaram temperaturas 0,2°C acima da média em março, configurando uma situação de neutralidade para o chamado “Dipolo do Atlântico”, sem interferência significativa nas chuvas do país.
No Pacífico Equatorial, o fenômeno La Niña apresentou enfraquecimento, com anomalia de temperatura de 0,1°C em março, sinalizando uma transição para neutralidade no trimestre abril-maio-junho.
O Inmet alerta que essa transição climática exige atenção redobrada dos produtores rurais, especialmente em regiões que já enfrentam restrições hídricas. A recomendação é seguir acompanhando os boletins atualizados do instituto.
Condições observadas em março
O mês de março foi marcado por volumes expressivos de chuva na Região Norte, norte e oeste do Nordeste e em áreas do Mato Grosso, com acumulados superiores a 150 mm. As cidades de Tucuruí (PA) e Manaus (AM) registraram respectivamente 579,5 mm e 523,3 mm de precipitação, acima da média climatológica.
Já no interior do Nordeste, houve forte redução das chuvas, com destaque para Morro do Chapéu (BA), onde choveu apenas 8 mm — 90% abaixo da média histórica.
Essa irregularidade no regime pluviométrico comprometeu o armazenamento de água no solo em regiões como o norte de Minas Gerais, centro da Bahia e oeste de Pernambuco, o que impactou negativamente o desenvolvimento do milho e do algodão. No Sudeste e Sul, os acumulados foram mais regulares, com destaque para Ourinhos (SP) e Resende (RJ), onde choveu mais de 220 mm.
Em relação às temperaturas, as máximas oscilaram entre 30°C e 38°C em boa parte do país. No Nordeste, Ibotirama (BA) registrou 37,1°C, enquanto no Sul, São Borja (RS) chegou a 33,0°C. Já as temperaturas mínimas foram mais amenas em regiões de maior altitude, com destaque para Campos do Jordão (SP), com 13,0°C.
Mais informações estão disponíveis no boletim agroclimatológico completo.