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Áreas Protegidas da Amazônia abrigam mais de seis mil onças-pintadas, aponta estudo

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Um estudo publicado na revista Biological Conservation revelou que 22 áreas protegidas e terras indígenas na Amazônia abrigam uma população estimada de 6.389 onças-pintadas (Panthera onca). A pesquisa, que contou com a colaboração de cientistas de mais de 20 instituições, incluindo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), utilizou armadilhas fotográficas e modelos estatísticos para mapear a densidade populacional do maior felino das Américas na região.

De acordo com o ICMBio, entre 2005 e 2020, os pesquisadores monitoraram onças-pintadas em unidades de conservação do Brasil, Peru, Colômbia e Equador. Os resultados indicaram que, em média, há três onças a cada 100 km² na Amazônia. No entanto, essa média varia conforme a localização: na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM), foram registradas quase dez onças no mesmo espaço, enquanto na Reserva Biológica do Cuieiras (AM), havia menos de uma onça por 100 km².

Essa diferença ocorre devido às características dos ambientes. As várzeas, com solos férteis e abundância de peixes e outros animais, oferecem alimento abundante para as onças. Já os igapós, com solos ácidos e menos nutrientes, sustentam menos presas, resultando em populações menores do felino.

Ameaças e Conservação

A pesquisa também identificou que machos são detectados com mais frequência que fêmeas, possivelmente por percorrerem territórios maiores em busca de acasalamento e defesa de território. Estradas e trilhas não pavimentadas aumentam as chances de registro desses animais, que as utilizam como rotas de deslocamento. A pressão humana, medida pelo Índice de Pegada Humana, mostrou-se um fator crítico: em áreas degradadas ou próximas a fronteiras de desmatamento, as onças precisam de territórios até 30% maiores para sobreviver, indicando escassez de recursos.

Apesar do cenário relativamente positivo, o estudo alerta para o desmatamento de quase 10% da floresta amazônica entre 2001 e 2021 e incêndios recordes em 2024, que agravaram a pressão sobre a biodiversidade. No Brasil, estima-se que 1.500 onças foram deslocadas ou mortas nos últimos quatro anos devido à perda de habitat. A caça ilegal de presas e o comércio de partes de onças também são preocupações.

Os pesquisadores defendem a expansão de programas de monitoramento contínuo, integrando tecnologia e conhecimento tradicional de povos indígenas. Eles recomendam priorizar a proteção de regiões como a interface Andes-Amazônia e as várzeas do Rio Amazonas, ameaçadas por mineração ilegal e ocupação desordenada. “Garantir recursos financeiros, equipes técnicas e políticas antifogo é urgente para que essas áreas continuem sendo fortalezas da onça-pintada”, destaca o estudo.

Para o ICMBio, os dados reforçam a importância do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-Pintada, que prevê o monitoramento populacional da espécie, combate a crimes ambientais e a promoção de turismo de base comunitária em unidades de conservação, aponta Ricardo Sampaio, coautor do estudo e coordenador substituto do ICMBio/CENAP.

Para mais detalhes, o estudo completo pode ser acessado na revista Biological Conservation.

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