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Quase 85% da população preta afirma ter sofrido discriminação racial

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De cada 100 pessoas pretas, 84 relatam já ter sofrido discriminação racial. A informação é parte de uma pesquisa apoiada pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), divulgada nesta terça-feira, 20 de maio. O estudo aborda experiências de brasileiros com diversas formas de preconceito em atividades cotidianas.

Para obter os dados, os pesquisadores aplicaram questionários de escala de discriminação cotidiana. Os entrevistados responderam perguntas como: “Sou tratado com menos gentileza que outras pessoas”, “Sou tratado com menos respeito que outras pessoas”, “Recebo um atendimento pior que outras pessoas em restaurantes e lojas”, “Agem como se tivessem medo de mim”, “Sou ameaçado ou assediado” e “Sou seguido em lojas”. Os participantes indicaram a frequência dessas situações.

De acordo com a Agência Brasil, a análise das respostas mostra que pouco mais da metade da população preta (51,2%) relata ser tratada com menos gentileza. Entre os pardos, esse índice é de 44,9%, enquanto na população branca é de 13,9%. O padrão se repete em outros critérios, como ser tratado com menos respeito e receber atendimento pior.

O levantamento, conduzido pelas organizações Vital Strategies Brasil e Umane, coletou informações de 2.458 pessoas entre agosto e setembro de 2024. O universo de entrevistados foi ponderado para representar o perfil da população brasileira. A pesquisa contou com apoio técnico da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Instituto Devive.

Segundo o diretor da Vital Strategies Brasil, Pedro de Paula, os resultados reforçam a percepção da “brutal desigualdade racial que existe no Brasil”. Ele destaca que a discriminação impacta a saúde mental, o acesso a serviços, o emprego, o bem-estar e a autoestima.

De acordo com a gerente de Investimento e Impacto Social da Umane, Evelyn Santos, “esse estudo foi a primeira aplicação da escala de discriminação cotidiana com abrangência nacional, feita no Brasil”. Além de medir a discriminação, os pesquisadores investigaram os tipos de preconceitos vivenciados.

Enquanto 84% da população preta afirma que a discriminação está relacionada à cor da pele, entre os brancos esse percentual é de 8,3%, e entre os pardos, 10,8%. Outras formas de discriminação citadas incluem orientação sexual, renda, religião e obesidade.

Impactos e Desigualdade Social

O levantamento também apurou que 72% das mulheres pretas sofreram mais de um tipo de preconceito, seguidas por 62,1% dos homens pretos. Na população branca, as proporções são de 30,5% para as mulheres e 52,9% para os homens.

Os dados que posicionam a população preta como a mais vulnerável em termos de discriminação se juntam a outras informações sobre desigualdade racial no país. O Atlas da Violência revela que pessoas negras têm um risco 2,7 vezes maior de serem vítimas de homicídio. O Censo 2022 do IBGE mostra que pretos e pardos são 72,9% dos moradores de favelas, e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua indica que pretos (8,4%) e pardos (8%) têm taxas de desemprego superiores à de brancos (5,6%).

Os responsáveis pelo estudo afirmam que os dados indicam onde concentrar esforços de combate à discriminação. Além disso, destacam a necessidade de políticas públicas que atentem-se ao combate de discriminações, especialmente na área da saúde.

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