O governo brasileiro participou de um encontro internacional em Madri, Espanha, no último domingo, 25 de maio, com representantes de 19 países. O objetivo foi discutir medidas para auxiliar a Faixa de Gaza e pressionar Israel a suspender a guerra, considerando até a possibilidade de sanções.
As discussões também abordaram a viabilização da solução de dois Estados, um palestino e outro israelense, apesar da rejeição de Israel à criação do Estado palestino.
Organizado pelo governo da Espanha, o encontro reuniu chanceleres de 20 países, incluindo Alemanha, Portugal, Reino Unido, Irlanda, Turquia, Itália, Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Marrocos.
O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que criticou a inação da comunidade internacional diante da situação em Gaza. “Ninguém poderá alegar desconhecimento sobre as atrocidades em curso, transmitidas diariamente ao vivo pelos meios de comunicação”, afirmou Vieira.
De acordo com informações da Agência Brasil, o Itamaraty explicou que o encontro também visou a preparação para a Conferência sobre a questão Palestina, prevista para ocorrer entre 17 e 20 de junho, em Nova York.
O Brasil coordenará um dos grupos de trabalho da cúpula da ONU sobre a Palestina. Israel tem rejeitado a possibilidade de construção do Estado palestino, tendo o parlamento israelense aprovado uma resolução contra isso em julho de 2024.
Sanções contra Israel
O chanceler espanhol, José Manuel Albares, destacou que a Espanha defende a suspensão do acordo da União Europeia com Israel, além de um embargo de armas para impedir a venda de armamentos a Tel-Aviv e sanções individuais contra aqueles que impedem a construção do Estado palestino. “Gaza é uma ferida aberta na humanidade”, afirmou Albares durante o encontro.
A ofensiva de Israel em Gaza tem sido classificada como genocídio por diversos países e organizações de direitos humanos. O governo de Tel-Aviv nega e afirma que busca destruir o Hamas e recuperar reféns.
Entre 2019 e 2023, os EUA foram responsáveis por 69% das armas importadas por Israel, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Paz de Estocolmo (Sipri).
O professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC paulista (UFABC), Mohammed Nadir, avaliou que o encontro em Madri representa uma mudança nas relações de países da União Europeia com Israel.
“Quebra aquela relação de vassalagem cega da União Europeia para com Israel”, comentou Nadir.
Na última semana, uma pequena quantidade de suprimentos foi permitida entrar em Gaza após mais de dois meses e meio de bloqueio completo. No entanto, a quantidade é insuficiente. As Nações Unidas alertam que a fome imposta à população pode levar à morte de dezenas de milhares de pessoas.
Desde a criação do Estado de Israel em 1948, mais de 700 mil palestinos foram expulsos de suas terras. A resolução da ONU que sugeria a divisão da Palestina entre dois Estados nunca foi cumprida. A ocupação da Cisjordânia por colonos israelenses continua a aumentar, sendo considerada ilegal pelo direito internacional.
Em 7 de outubro de 2023, o grupo Hamas invadiu vilas israelenses, matando 1,2 mil pessoas e sequestrando outras 220. Desde então, Israel iniciou uma ofensiva em Gaza, deslocando a maior parte da população civil e causando mais de 53 mil mortes.