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Vapor Benjamim Guimarães foi reinaugurado em Pirapora

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Em um momento histórico para Minas Gerais e um marco na preservação do patrimônio cultural brasileiro, o Vapor Benjamim Guimarães foi oficialmente entregue e reinaugurado neste domingo, 1º de junho, às margens do Rio São Francisco, em Pirapora, no Norte de Minas. O evento fez parte da programação de aniversário de 113 anos da cidade.

A cerimônia contou com a participação de diversas autoridades, incluindo o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG). O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, e o presidente do Iepha-MG, João Paulo Martins, ressaltaram a importância da entrega como um gesto de cuidado com as raízes mineiras e um investimento no futuro do turismo sustentável e da economia da criatividade.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também esteve presente, destacando a recuperação da embarcação e o compromisso do governo federal com a revitalização do Rio São Francisco. O prefeito de Pirapora, Alex Cesar, celebrou o retorno do vapor ao convívio da cidade, afirmando que Pirapora está de braços abertos para compartilhar essa alegria.

O Benjamim Guimarães é a única embarcação a vapor ainda em operação no mundo. Ele é mais do que um bem material, sendo considerado um símbolo vivo da cultura fluvial, da memória coletiva e do espírito resiliente de Minas. A embarcação está tombada pelo Iepha-MG desde 1985.

A reinauguração é resultado de um rigoroso e delicado processo de restauração total. As obras de revitalização incluíram a substituição completa do casco, revisão do maquinário, restauro da chaminé, camarotes, rodas de pás e demais sistemas originais. A cabine de comando inteira foi restaurada. O trabalho minucioso respeitou a história e a “alma” do vapor.

O projeto de revitalização foi fruto de um convênio firmado em 2019 entre o Iepha-MG e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O investimento total foi de R$ 5,8 milhões segundo uma fonte, e R$ 5,3 milhões segundo outras fontes, com recursos provenientes do Ministério de Minas e Energia, via Eletrobrás. A reforma também foi aprovada no âmbito do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba e incluída no Novo PAC.

Construído nos Estados Unidos em 1913, o vapor operou nos rios Mississippi e Amazonas antes de se estabelecer em Pirapora em 1920. Tornou-se parte inseparável da paisagem e da vida local. No passado, foi uma das principais rotas de transporte entre o Nordeste e o Sudeste, transportando pessoas e mercadorias. A partir da década de 1980, passou a promover passeios turísticos.

O vapor tem 43,85 metros de comprimento e três decks, com capacidade para transportar até 140 pessoas. É movido a vapor gerado pela queima de lenha de reflorestamento, que aquece a água retirada do próprio rio. Novos sensores, como sonares, foram instalados para auxiliar na navegação. O barco conta com estrutura de restaurante e dormitórios.

Viagens ainda não foram retomadas

Apesar da reinauguração, o Vapor Benjamim Guimarães ainda não iniciou suas viagens turísticas. A retomada da navegação está prevista apenas para novembro. O principal entrave é o assoreamento do Rio São Francisco, que reduz a profundidade e dificulta a passagem de embarcações, agravado pelo desmatamento das margens. Além disso, as águas estão muito baixas. A prefeitura está realizando a capacitação da tripulação e trabalha na dragagem do rio para retirada de sedimentos.

O retorno do vapor é visto como uma engrenagem importante para a economia de Pirapora. A prefeitura estima um impacto financeiro anual entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, movimentando setores como hospedagem, alimentação, comércio e serviços. A paralisação anterior das atividades do vapor resultou em uma queda estimada de 60% no fluxo turístico da cidade.

A expectativa é que a retomada impulsione o turismo e até mesmo projetos de ampliação das rotas fluviais, como um possível trajeto até Januária. O ministro Alexandre Silveira projetou que, com os esforços de revitalização, o Rio São Francisco possa ter condições de navegabilidade para além de Pirapora até 2030, permitindo que o Benjamim volte a percorrer todo o leito do rio.

Mais do que um barco, o Benjamim Guimarães é cúmplice de vidas inteiras em Pirapora, tendo transportado sonhos, construído famílias e sustentado gerações. Pessoas como João Nogueira dos Santos, o comandante mais velho vivo com 104 anos, Waldomiro Souza, supervisor de máquinas aposentado cuja família trabalhou no vapor por décadas, e Cristiano Dias, ex-marinheiro que participou da reforma, compartilham uma profunda conexão pessoal com a embarcação.

Para o músico Petrônio Santana, o vapor é um símbolo que conecta o povo à sua história, cultura ribeirinha e identidade. A expectativa é que o Benjamim Guimarães, que já atraiu visitantes de todo o mundo no passado, volte a ser um motor de desenvolvimento e orgulho para Pirapora e Minas Gerais.

 

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