O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, enfrenta a possibilidade de deportação de Israel até esta quinta-feira, 12 de junho, conforme decisão de um tribunal israelense divulgada nesta quarta-feira (11). Thiago foi detido junto a outros ativistas da Flotilha da Liberdade em águas internacionais. O Conselho Nacional de Direitos Humanos do Brasil classificou o caso como crime de guerra.
Em protesto contra sua detenção, que considera um sequestro, Thiago iniciou uma greve de fome na noite de terça-feira (10), no horário de Brasília. A decisão de deportação foi confirmada pela família do ativista, que está em contato com a organização Adalah, responsável por sua defesa em Israel. Até o momento, as autoridades israelenses não permitiram que a família se comunicasse pessoalmente com Thiago.
De acordo com a Agência Brasil, a esposa de Thiago, Lara Souza, informou que a corte decidiu pela deportação dos ativistas, apesar dos argumentos da defesa de que eles deveriam ser libertados imediatamente, pois não cometeram crime. “O prazo estabelecido pelas leis de Israel é de 72 horas após a detenção, mas foi marcada uma nova audiência para 8 de julho caso ainda não tenham sido deportados”, explicou Lara.
Contexto da Detenção
Os oito ativistas detidos foram informados de que estão banidos de Israel pelos próximos 100 anos, segundo a Flotilha. Thiago não foi deportado imediatamente, ao contrário da ambientalista sueca Greta Thunberg, pois se recusou a assinar um documento que reconheceria a tentativa de entrar em Israel sem autorização. Luciana Palhares, membro da Flotilha da Liberdade Brasil, afirmou que Thiago é um preso político e não aceitou assinar culpa de crime algum.
O brasileiro e outros 11 ativistas foram presos enquanto tentavam levar alimentos e medicamentos para a Faixa de Gaza, que enfrenta um bloqueio israelense há mais de três meses. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, condenou a interceptação da embarcação em águas internacionais e pediu a libertação de Thiago, além de instar Israel a zelar pelo seu bem-estar e saúde.
O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) publicou uma nota classificando a interceptação do navio como crime de guerra e pediu ao governo brasileiro que suspenda as relações diplomáticas e comerciais com Tel Aviv. “A interceptação de embarcação civil com finalidade exclusivamente humanitária, em águas internacionais, configura grave violação aos tratados internacionais”, declarou o CNDH.
O governo israelense divulgou fotos dos ativistas Thiago Ávila e Greta Thunberg ironizando o barco como “Iate Selfie” e afirmou que a pequena quantidade de alimentos será enviada a Gaza por “canais humanitários reais”. O Ministério das Relações Exteriores de Israel comentou que mais de 1.200 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza nas últimas duas semanas.
As Nações Unidas denunciam que Israel bloqueia a entrada de 6 mil caminhões com ajuda humanitária na fronteira com o Egito. Philippe Lazzarini, diretor-geral da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), informou que há relatos de vítimas e feridos em pontos de distribuição operados por empresas de segurança israelenses e privadas. A ONU afirma que a forma de distribuição de alimentos é desumana e insuficiente.
Após pressão internacional, a entrega de ajuda humanitária foi retomada por meio de uma organização dos Estados Unidos apoiada por Israel, a GHF. “Nossos armazéns fora de Gaza estão lotados com um volume de assistência equivalente a 6.000 caminhões. Deixar a comida apodrecer e os remédios expirarem deliberadamente seria simplesmente obsceno”, completou Lazzarini.
Milhares de ativistas de 51 países estão se articulando para uma marcha no Egito até a fronteira com Rafah, cidade ao sul de Gaza, seguindo o exemplo da Flotilha da Liberdade. Caravanas de países do Norte da África, da Turquia e de todos os continentes esperam realizar uma marcha de três dias até Gaza para denunciar o cerco imposto por Israel à entrada de ajuda humanitária no território. Leia mais.