Os manguezais amazônicos são ecossistemas de grande importância ambiental, com árvores que podem atingir até 30 metros de altura, semelhantes a um edifício de dez andares. De acordo com a Agência Brasil, esses mangues são grandes sumidouros de carbono, retirando da atmosfera três vezes mais gás poluente do que florestas de terra firme.
Localizados entre Maranhão, Pará e Amapá, os manguezais da Amazônia formam o maior território contínuo de manguezais sob proteção legal no mundo. No nordeste do Pará, o projeto Mangues da Amazônia atua em parceria com comunidades locais para mapear a vegetação, fauna e áreas de corte de madeira, além de realizar reflorestamento.
Marcus Fernandes, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador-geral do projeto, explica que o mapeamento é feito com a participação das comunidades, que indicam locais de corte de madeira. Os dados são validados e transformados em mapas entregues a prefeituras e associações locais.
Atuação em Reservas Extrativistas
O projeto opera em quatro reservas extrativistas: Resex Marinha de Tracuateua, Resex Marinha de Caeté-Taperaçu, Resex Araí-Peroba e Resex Gurupi-Piriá, abrangendo uma área de 131 mil hectares. A extração de madeira e captura de caranguejos são permitidas, mas o corte de madeira deve ser informado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Além do mapeamento de áreas de corte, o projeto também monitora as espécies que habitam os mangues. Fernandes destaca a importância do mapeamento genético da vegetação para promover uma floresta mais resiliente e adaptável às mudanças climáticas.
Os manguezais amazônicos são fundamentais para a captura de carbono, armazenando 600 toneladas por hectare, segundo medições do projeto. No entanto, as mudanças climáticas e a redução de chuvas representam riscos significativos para esses ecossistemas.
Hudson Silva, do Instituto de Estudos Costeiros da UFPA, alerta que a diminuição das chuvas pode comprometer a função dos manguezais como sumidouros de carbono. A taxa de precipitação na região caiu de 3 mil para 2 mil milímetros por ano, impactando a capacidade de retenção de carbono.
O projeto Mangues da Amazônia, iniciado no Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA) da UFPA, é patrocinado pela Petrobras e faz parte do Programa Petrobras Socioambiental. O projeto visa reflorestar áreas de mangue e já recuperou 14 hectares entre 2021 e 2022, com a meta de reflorestar mais 17 hectares até 2026.
O Programa Petrobras Socioambiental apoia 160 projetos no Brasil, com um investimento de R$ 1,5 bilhão até 2029. Sue Wolter, gerente de Direitos Humanos da Petrobras, destaca que o Mangues da Amazônia oferece um retorno significativo tanto ambiental quanto social, estimando um retorno de R$ 7 para cada R$ 1 investido.