Previsão de anomalias de precipitação (a) (mm) e temperatura média do ar (ºC) do multi-modelo INPE/INMET/FUNCEME para o trimestre JAS de 2025.
Boletim agroclimatológico Inmet

Inmet divulgou Boletim Agroclimatológico com previsão para os meses de julho, agosto e setembro

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O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), divulgou o Boletim Agroclimatológico Nº05 nesta quinta-feira, 10 de julho.

A publicação mensal tem como objetivo fornecer informações meteorológicas direcionadas às atividades do campo e é uma ferramenta essencial para auxiliar o planejamento e as ações do setor agrícola em todo o país.

Criado em 1967, o boletim passou por significativas transformações ao longo dos anos, adaptando-se do formato impresso para o eletrônico com o advento da internet nos anos 90. Em 2019, uma nova reformulação, baseada em avaliações técnicas internas e sugestões de usuários ligados ao meio rural, aprimorou o conteúdo, que agora inclui análises das condições climáticas observadas, um panorama de fenômenos de grande escala que influenciam o clima e prognósticos climáticos exclusivos.

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Prognóstico Agroclimático para Julho, Agosto e Setembro de 2025

O modelo objetivo multi-modelo, resultado da cooperação entre Inmet, Cptec/Inpe e Funceme, apresenta as seguintes projeções:

Região Norte:

  • Chuva: Volumes acima da média histórica no centro-norte de Roraima, noroeste do Pará e centro do Amapá (10 a 50 mm acima). Redução de até 30 mm em relação à média histórica para o Acre, Rondônia, centro-sul do Pará e maior parte do Amazonas e Tocantins.
  • Temperatura: Desvios acima da média histórica em quase toda a região, com elevações de até 1,0°C, e em torno de 2,0°C no Pará e divisa do sudeste do Pará com Tocantins.
  • Umidade do Solo: Níveis elevados de estoques no Amapá, Roraima e região da Cabeça do Cachorro (AM). Declínio progressivo nas demais áreas, com destaque para o sul e sudeste do Pará, Rondônia, leste do Acre e Tocantins, onde os índices permanecem abaixo de 30%. Aumento das condições de seca com déficits superiores a 100 mm em agosto.

Região Nordeste:

  • Chuva: Volumes abaixo da média em Maranhão, centro-norte do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, centro-leste do Pernambuco e regiões oeste e sul da Bahia. Volumes dentro da média histórica nos demais setores.
  • Temperatura: Acima da média histórica em todo o Nordeste, com valores entre 0,5°C e 1,0°C acima. Maiores elevações são previstas para a região do litoral norte, entre o Ceará e o Maranhão, além da região central do Piauí e oeste da Bahia.
  • Umidade do Solo: Estoques satisfatórios nas áreas costeiras (Pernambuco, Alagoas e litoral da Bahia, com armazenamento superior a 60%). Níveis reduzidos no interior nordestino, especialmente no centro-sul do Piauí, centro-oeste da Bahia, sertão do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, não ultrapassando 30%. Déficit hídrico se intensifica em agosto e setembro.

Região Centro-Oeste:

  • Chuva: Abaixo da média em todos os estados, com redução de até 30 mm. Esta é a estação seca da região, aumentando a incidência de queimadas e doenças respiratórias.
  • Temperatura: Acima da média em toda a região, entre 1,0°C e 2,0°C acima da média histórica.
  • Umidade do Solo: Progressiva perda de umidade ao longo do trimestre em Goiás, Distrito Federal e norte de Mato Grosso (estoques inferiores a 30%). Áreas pontuais no sul do Mato Grosso do Sul podem ter níveis superiores a 60%. Déficit hídrico avança, com valores superiores a 100 mm em amplas áreas do norte de Mato Grosso e do leste de Goiás.

Região Sudeste:

  • Chuva: Abaixo da média histórica em todo o Sudeste, com maiores reduções no Rio de Janeiro, São Paulo e centro-sul de Minas Gerais.
  • Temperatura: Acima da média histórica em toda a região, principalmente no oeste de São Paulo e Minas Gerais, onde podem ficar até 2,0°C acima.
  • Umidade do Solo: Baixa disponibilidade hídrica no norte de Minas Gerais, Triângulo Mineiro e oeste paulista (percentuais inferiores a 30%). Áreas mais favoráveis no sul de Minas e Vale do Paraíba (estoques entre 40% e 70%). Deficiência hídrica predomina em agosto e setembro.

Região Sul:

  • Chuva: Acima da média histórica na maior parte do Rio Grande do Sul. Tendência de redução em relação à média histórica na maior parte do Paraná. Acumulados próximos à média em Santa Catarina, norte do Rio Grande do Sul e sul do Paraná.
  • Temperatura: Acima da média em toda a região, principalmente no Paraná, oeste de Santa Catarina e extremo norte do Rio Grande do Sul, com temperaturas até 2,0°C acima da média.
  • Umidade do Solo: Níveis elevados de umidade esperados, com valores de armazenamento hídrico acima de 60% em praticamente toda a região, aproximando-se da capacidade de campo no centro-sul do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Excedente hídrico predominante, especialmente no Rio Grande do Sul, favorável ao trigo e culturas de inverno.

Análise das Condições Climáticas Observadas em Junho de 2025

Durante o mês de junho de 2025, o Brasil registrou um cenário hídrico e térmico variado. Os maiores acumulados ocorreram no Centro-norte da Região Norte, leste da Região Nordeste e sul do Brasil, com totais superiores a 150 mm, mantendo a umidade do solo nessas áreas. Por outro lado, os menores volumes foram registrados no interior do Nordeste e área central do país, com menos de 70 mm, resultando em armazenamento hídrico no solo abaixo de 30%.

Região Norte: Maiores volumes no noroeste do Amazonas, Roraima e Amapá (Oiapoque com 375,2 mm e Macapá com 372,8 mm). No centro-sul do Pará, sul do Amazonas, Acre e oeste de Rondônia, os volumes ficaram abaixo de 100 mm, indicando o avanço da estação seca. Áreas do Tocantins já apresentaram restrição hídrica localizada, podendo comprometer a produtividade do milho segunda safra.

Região Nordeste: Maiores acumulados no litoral leste (superiores a 200 mm), com destaque para Natal (476,4 mm) e Maceió (458,2 mm), mantendo a umidade do solo adequada para feijão e milho terceira safra. O interior do Nordeste, em Piauí, Bahia, Ceará e Pernambuco, registrou menos de 70 mm, com armazenamento de água no solo abaixo de 20%.

Centro-Oeste: Acumulados abaixo de 80 mm na maior parte, exceto sul do Mato Grosso do Sul (Sete Quedas com 157,4 mm e São Gabriel do Oeste com 90,8 mm). Baixo volume de chuvas e níveis de água no solo abaixo de 20% podem prejudicar o milho de segunda safra, principalmente em Goiás.

Região Sudeste: Volumes inferiores a 50 mm, exceto sul de São Paulo (Iguape com 184,0 mm e Itapeva com 172,4 mm). A redução da umidade do solo no centro-norte de Minas Gerais pode afetar negativamente o milho segunda safra e trigo de sequeiro, mas favorece a colheita de cana-de-açúcar e café.

Região Sul: Chuvas satisfatórias em toda a região (>150 mm no Paraná e Santa Catarina, >300 mm no Rio Grande do Sul – Serafina Corrêa com 462,6 mm e Santa Maria com 424,6 mm). Isso garantiu elevada umidade do solo, favorecendo o milho de segunda safra e a semeadura do trigo de inverno. Contudo, o excesso de chuvas pode comprometer a colheita do feijão de terceira safra.

Temperaturas:

  • Máximas: Maiores que 30°C no centro-norte do país e superiores a 34°C em áreas do Tocantins e Pará. No Nordeste, ultrapassaram 28°C. Já no leste do Sudeste e Sul, variaram entre 20°C e 28°C. Destacam-se Redenção (PA) com 35,6°C e Oeiras (PI) com 36,4°C.
  • Mínimas: Superiores a 20°C na Região Norte e meio-norte do Nordeste. Na maior parte do Sudeste e Centro-Oeste, variaram entre 14ºC e 18ºC. No Sul, as mínimas ficaram entre 2ºC e 10ºC. As menores mínimas foram registradas em Monte Verde (MG) com 6,9ºC e Jaguarão (RS) com 5,0°C.

Condições Oceânicas Observadas e Tendências

A interação entre a superfície dos oceanos e a atmosfera desempenha um papel crucial nas condições climáticas do Brasil, com destaque para o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) no Oceano Pacífico Equatorial e o Dipolo do Atlântico no Oceano Atlântico Tropical.

Dipolo do Atlântico: Em junho de 2025, foi caracterizado como em condição de neutralidade. As anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Atlântico Tropical Norte foram de 0,12°C e no Atlântico Tropical Sul foram de 0,02°C, valores próximos de zero. Um leve aquecimento no Atlântico Norte contribuiu para o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o norte, desfavorecendo a formação de chuvas na costa norte da Região Nordeste.

ENOS (El Niño-Oscilação Sul): As anomalias médias mensais de TSM na região Niño 3.4 do Pacífico Equatorial apresentaram valores próximos de zero nos últimos meses, reforçando a persistência das condições de neutralidade. A análise do modelo de previsão do ENOS, realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), aponta para a permanência dessas condições de neutralidade durante o trimestre julho-agosto-setembro de 2025, com probabilidade de 71%.

Mais informações detalhadas, avisos meteorológicos e monitoramento das condições climáticas, o podem ser acessarem no portal oficial do Inmet e nas redes sociais do órgão. Veja o Boletim Agroclimatológico completo.

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