Foto: cenariominas.com.br
parque nacional cavernas rio são francisco

Unesco reconhece parque nacional cortado pelo Rio São Francisco como Patrimônio Mundial Natural

Anúncio

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado no Norte de Minas Gerais, foi declarado Patrimônio Mundial Natural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão foi anunciada neste domingo, 13 de julho, durante sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Paris.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o título reconhece o Peruaçu como um sítio de valor universal excepcional por sua relevância geológica, arqueológica, ecológica e paisagística. O instituto destacou o trabalho contínuo das comunidades locais e da equipe de gestão do parque na conservação da biodiversidade.

O reconhecimento internacional amplia as possibilidades de desenvolvimento do ecoturismo, da pesquisa científica e da inclusão social por meio do fortalecimento da economia local e do turismo de base comunitária. Este é o primeiro sítio natural de Minas Gerais a receber a distinção. Agora, o Brasil passa a contar com nove sítios reconhecidos como Patrimônio Mundial Natural, entre eles o Parque Nacional do Iguaçu, as Reservas da Mata Atlântica da Costa do Descobrimento, o arquipélago de Fernando de Noronha, o Atol das Rocas e os Lençóis Maranhenses.

Valor científico e ambiental

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (PNCP) abrange uma área de 56.448 hectares nos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, a cerca de 653 km de Belo Horizonte. A unidade de conservação reúne mais de 200 cavernas catalogadas, sítios arqueológicos com vestígios humanos de até 12 mil anos e um extenso conjunto de pinturas rupestres.


Entre os destaques está a Caverna do Janelão, que possui galerias com mais de 100 metros de altura e largura, além da estalactite Perna da Bailarina, considerada a maior do mundo, com aproximadamente 28 metros.

Segundo o ICMBio, o parque é uma importante área de proteção de espécies como o lobo-guará, gato-maracajá, gato-palheiro, onça-pintada e onça-parda. Também abriga ecossistemas de transição entre os biomas do Cerrado e da Caatinga, além de incluir parte da bacia do Rio São Francisco e a Reserva Indígena Xacriabá.

Histórico de criação

A ideia de transformar o local em unidade de conservação surgiu em 1986, a partir de um inventário promovido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG). Em 1997, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decretou como de utilidade pública uma área de 6 mil hectares que abrangia o núcleo principal do vale cárstico do Rio Peruaçu.

Em 1999, foi oficialmente criado o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, e em 2003 o local passou a ser indicado para reconhecimento como Patrimônio da Humanidade, com o objetivo de ampliar investimentos em turismo e pesquisa.

O nome “Peruaçu”, conforme o Plano de Manejo do parque, tem origem indígena e significa “grande buraco” — referência às grandes cavernas da região. Os indígenas Xacriabás habitam historicamente a área desde pelo menos o século XVI.

Riscos e desafios

Apesar do reconhecimento internacional, o parque enfrenta pressões por conta de atividades conflitantes, como a presença de comunidades residentes, pastagens, agricultura, caça e pesca predatórias, desmatamento, circulação de animais domésticos e exóticos, além da existência de estradas dentro da área protegida. Essas ameaças foram apontadas em relatórios recentes do ICMBio e motivam ações conjuntas com o Ibama para fiscalização e controle ambiental.

A gestão do parque e sua preservação continuam sendo desafios compartilhados entre órgãos ambientais, comunidades locais e parceiros institucionais.

Com informações de Andreia Verdélio (Agência Brasil) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Fotos: Rui Faquini e Fernando Tatagiba/ICMBio

Anúncio
Anúncio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *