FOTO: REPRODUÇÃO | KAREN EPPINGHAUS - DIVULGAÇÃO
Reconhecimento do Jongo como patrimônio chega a 20 anos com festas

Reconhecimento do Jongo como patrimônio chega a 20 anos com festas

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O Jongo, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há 20 anos, continua a ser uma expressão cultural significativa da cultura negra no Brasil. Originário de descendentes de escravizados de origem Bantu, especialmente do Congo, Angola e Moçambique, o Jongo se desenvolveu nas lavouras de café e cana-de-açúcar nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.

De acordo com a Agência Brasil, essa manifestação cultural afro-brasileira, característica da região sudeste do Brasil, combina ritmo, percussão de tambores, dança e versos conhecidos como pontos. A transmissão desse conhecimento ocorre de geração em geração, por meio da oralidade, gestualidade e materialidade dos instrumentos musicais.

Mestra Fatinha, uma das lideranças do Jongo do Pinheiral, destacou a importância da tradição oral: “Dos mais velhos para os mais novos. Até pouco tempo atrás, criança não podia dançar. Os mais velhos não permitiam porque muitas coisas eram tratadas nas rodas de Jongo através do canto, coisas sérias de busca da liberdade.”

Apesar de as crianças não terem permissão para participar das rodas, Mestra Fatinha esteve presente desde cedo devido à sua estatura. Ela relatou que, com dez anos, já participava do Jongo, e hoje é conhecida como “vovó do Jongo”. Sua mãe, Constância Oliveira Santos, também é uma matriarca do Jongo, e a tradição continua com as novas gerações, como o jovem Deric, de 4 anos.

No Vale do Rio Paraíba, o Jongo se mantém em cinco comunidades centenárias nos municípios de Barra do Piraí, Piraí, Valença, Pinheiral e Vassouras. O Jongo do Pinheiral, originado na Fazenda São José dos Pinheiros, é uma das manifestações mais tradicionais.

Dia Estadual do Jongo

No Rio de Janeiro, o Dia Estadual do Jongo é comemorado em 26 de julho, coincidindo com o Dia de Senhora Sant’Ana, sincretizada como Nanã nas religiões afro-brasileiras. Segundo o site do Centro de Referência de Estudo Afro do Sul Fluminense (Creasf), a data homenageia a ancestralidade feminina e as pretas velhas jongueiras.

O Jongo, também conhecido como congo ou caxambu, varia de nome conforme a região. No Espírito Santo, é chamado de jongo ou congo, enquanto no Morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, é conhecido como Caxambu.

As festividades de 2025 começam no Dia Estadual do Jongo, com o 4º Encontro de Jongos do Vale do Café, reunindo cerca de 400 lideranças de Jongo e mestres de mais de 18 comunidades e quilombos tradicionais dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Marcos André Carvalho, coordenador do encontro, destacou o impacto econômico e simbólico do evento, que celebra a contribuição do povo negro para a economia brasileira durante o ciclo do café.

O planejamento de um parque temático sobre a história do negro no Vale do Café está em andamento, com o projeto executivo selecionado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O parque incluirá o Museu do Jongo, a Escola de Jongo, um restaurante de comidas étnicas e um centro turístico de visitação, com inauguração prevista para 2027.

A professora Martha Abreu, da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirmou que o Jongo é considerado um dos pais do samba carioca. A migração de jongueiros para a capital do Rio de Janeiro contribuiu para a fundação de escolas de samba, como Império Serrano, Mangueira, Portela e Salgueiro.

Dentro da Semana do Patrimônio Histórico Nacional, as comemorações pelos 20 anos do reconhecimento do Jongo como patrimônio cultural continuarão entre 14 e 16 de agosto, no Encontro de Jongueiros, na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. A programação inclui rodas de Jongo, shows de samba, oficinas com mestres, um seminário, exposição fotográfica e o lançamento do projeto Museu do Jongo.

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