No sertão baiano, o acesso à água potável e para produção de alimentos tem mudado a rotina de famílias rurais, graças ao Programa Cisternas. Em Casa Nova, na comunidade Baixão dos Caboclos, a agricultora Maria Audiva Amorim Nunes, a dona Diva, viu a realidade se transformar após receber a tecnologia social.
Antes de ser beneficiada, em 2010, a água utilizada em sua propriedade era buscada a cerca de três quilômetros de distância, em um açude. “Levava um jumento, botava uma cangalha, amarrava uma corda nos baldes e trazia para molhar as plantas e dar aos bichos. Muitas vezes, as coisas morriam por falta de água”, relembra.
Na época, o programa exigia que o próprio beneficiário preparasse o espaço para a instalação da cisterna. Com ajuda da filha Daiane, então com 22 anos, e de um vizinho, dona Diva cavou, durante mais de 20 dias, um buraco de oito metros de diâmetro por 1,80 metro de profundidade. “Vi homem desistindo, mas pensei: sou mulher e não vou desistir”, conta.
Com a cisterna pronta, a escassez deu lugar à produção. Hoje, dona Diva cultiva milho, feijão, mandioca, palma e capim, além de criar galinhas, porcos, bodes e gado.
A filha Daiane também foi beneficiada pelo programa e instalou sua própria cisterna, desta vez com auxílio de escavadeira, o que tornou o processo mais rápido. Ela produz alimentos para consumo e comercialização e é contemplada pelo Programa Fomento Rural, que oferece R$ 4,6 mil e assistência técnica para projetos produtivos. “Com a cisterna, tenho água suficiente para investir na propriedade e aumentar minha criação de galinhas”, afirma.
Segundo o gestor ambiental e técnico em agropecuária Laelson de Matos Ferreira, que atua em Casa Nova, os programas têm impacto direto no desenvolvimento sustentável das comunidades. “É gratificante ver o avanço das produções e a melhoria na qualidade de vida das famílias”, destaca.
O Programa Cisternas tem como foco famílias rurais de baixa renda, priorizando povos e comunidades tradicionais, enquanto o Fomento Rural combina assistência técnica e apoio financeiro para ampliar a capacidade produtiva. No semiárido baiano, iniciativas como essas têm garantido não apenas água, mas também segurança alimentar e novas perspectivas de renda.