As águas do Rio São Francisco chegaram ao Rio Grande do Norte nesta semana, após percorrerem 412 quilômetros desde a Estação de Bombeamento EBI-1, em Cabrobó (PE).
Nesta sexta-feira, 15 de agosto, técnicos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) vistoriaram a estação de captação de água do Rio Piranhas, em Jardim de Piranhas, para acompanhar o funcionamento do sistema e avaliar o impacto do reforço hídrico.
É a primeira vez que o estado recebe, de forma regulamentada, o abastecimento do Projeto de Integração do São Francisco (PISF). Segundo o MIDR, a previsão é entregar 46 milhões de metros cúbicos de água até dezembro. O governo estadual já solicitou fornecimento contínuo ao longo de 2026.
O destino das águas agora é a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, o terceiro maior reservatório do estado, com capacidade para 742,6 milhões de metros cúbicos. O ministro da Integração, Waldez Góes, deve visitar a comunidade na próxima terça-feira (19) para acompanhar a chegada oficial.
Recuperação de obras paradas
O avanço do projeto só foi possível após a recuperação de bombas do Eixo Norte, que estavam paralisadas por falta de manutenção. O governo federal investiu cerca de R$ 500 milhões para reativar e duplicar a capacidade de bombeamento.
O PISF, concebido como solução para reforçar a segurança hídrica do semiárido, beneficia hoje populações de Pernambuco, Ceará, Paraíba e agora também do Rio Grande do Norte. Ao todo, cerca de 8,1 milhões de pessoas devem ser atendidas.
Apesar do avanço, especialistas lembram que a transposição não resolve sozinha os problemas de abastecimento do Nordeste. A efetividade do projeto depende de gestão eficiente, distribuição local da água e investimentos em obras complementares, como os ramais do Salgado e do Apodi, ainda em construção.
Com a chegada ao território potiguar, o Velho Chico passa a integrar de forma definitiva a rede de abastecimento do estado, transformando em realidade um projeto que atravessou diferentes governos e décadas de espera.