O Ministério de Portos e Aeroportos autorizou, nesta terça-feira, 26 de agosto, a Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba) a iniciar estudos técnicos para a reativação da Hidrovia do São Francisco. A medida foi oficializada por portaria assinada pelo ministro Silvio Costa Filho e publicada no Diário Oficial da União (DOU).
De acordo com a normativa, os levantamentos vão avaliar aspectos operacionais, logísticos e regulatórios, além de indicar caminhos para a exploração privada da infraestrutura e a retomada sustentável da navegação no rio. A expectativa é de que, já no primeiro ano de operação comercial, a movimentação de cargas alcance 5 milhões de toneladas.
O projeto prevê ainda a integração da hidrovia com outros modais de transporte, como rodovias e ferrovias. Para o ministro Silvio Costa Filho, a retomada será estratégica para o desenvolvimento da região.
“A reativação da Hidrovia do São Francisco vai fortalecer a economia local, promovendo um transporte mais eficiente, sustentável e integrado com outros modais”, destacou.
Logística sustentável
Com 1.371 quilômetros de extensão navegáveis entre Pirapora (MG), Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), a hidrovia permitirá o transporte de cargas do Centro-Sul ao Nordeste com menor custo e menor impacto ambiental.
Um comboio hidroviário pode substituir até 1,2 mil caminhões, reduzindo emissões de gás carbônico e o desgaste das rodovias. Além disso, o consumo energético das embarcações é significativamente menor, o que torna a alternativa uma das mais sustentáveis do setor logístico.
Desenvolvimento regional
O projeto é considerado estratégico para o escoamento de cargas e para a dinamização econômica da região. A hidrovia será utilizada no transporte de produtos como gesso agrícola, gipsita, drywall, calcário, açúcar, óleo, sal, café, milho, soja, algodão, adubo e outros insumos agrícolas.
As operações atenderão desde o polo agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) até os centros consumidores do Sudeste. Produtos do Nordeste, como sal e derivados do gesso, seguirão em direção a Pirapora, enquanto o café produzido em Minas Gerais terá como destino Juazeiro e Petrolina, voltando-se ao abastecimento nordestino.
Etapas e infraestrutura portuária
A reativação da hidrovia foi planejada em três etapas, com foco na integração entre rodovias e ferrovias:
- 1ª etapa: 604 km navegáveis entre Juazeiro e Ibotirama (BA), com escoamento de cargas por rodovia até o Porto de Aratu-Candeias (BA).
- 2ª etapa: 172 km entre Ibotirama, Bom Jesus da Lapa e Cariacá (BA), com conexão ferroviária para os portos de Ilhéus e Aratu-Candeias.
- 3ª etapa: ampliação de 670 km ligando Bom Jesus da Lapa e Cariacá a Pirapora (MG).
Também estão previstas 17 Instalações Portuárias Públicas de Pequeno Porte (IP4), que irão atender os estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas. Destas, seis já estão em fase de projeto e 11 em planejamento. Os primeiros editais, referentes às unidades de Petrolina e Juazeiro, devem ser lançados em setembro, com início das obras programado para janeiro de 2026.