Erros de refração não corrigidos são a principal causa de deficiência visual entre crianças no Brasil, afetando diretamente o rendimento escolar e a socialização. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta para o impacto econômico e social significativo dessa condição.
De acordo com o CBO, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 0,7% das crianças e adolescentes em idade escolar na América do Sul, entre 5 e 15 anos, sofrem de problemas de refração não corrigidos, totalizando cerca de 23 milhões de indivíduos.
Os erros refrativos, conhecidos como ametropias, ocorrem quando os raios de luz não são focados corretamente na retina, resultando em visão desfocada. Isso inclui condições como miopia, hipermetropia e astigmatismo, todas corrigíveis com óculos, lentes de contato ou cirurgia, conforme destacado pelo CBO.
O tratamento precoce é essencial para reduzir a incidência de ambliopia, ou “olho preguiçoso”. O CBO enfatiza a importância da triagem oftalmológica como medida de saúde pública para detectar precocemente doenças e prevenir a cegueira infantil. A idade ideal para essa triagem é entre os primeiros meses e os 6 anos de vida, período crucial para o desenvolvimento da visão.
O CBO defende que a saúde ocular infantil seja uma prioridade para famílias e órgãos públicos, pois problemas de visão não diagnosticados podem comprometer a aprendizagem e a socialização. Estimativas da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira indicam que o Brasil pode ter cerca de 27 mil crianças cegas, muitas delas devido a doenças que poderiam ter sido prevenidas ou tratadas precocemente.
Em julho, o CBO e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (Sbop) lançaram a cartilha Saúde Ocular na Infância, que oferece orientações práticas, cuidados essenciais e sinais de alerta para preservar a visão em crianças. O material aborda temas como cuidados com conjuntivite e terçol, uso correto de óculos e maquiagem infantil, além de orientações sobre exames oftalmológicos.