Um novo experimento de restauração ecológica quer transformar 50 hectares de pastagem em floresta na Reserva Biológica de Una, no sul da Bahia. Chamado de Restaura Una, o projeto é fruto de uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
O objetivo é descobrir quais são as formas mais eficazes e econômicas de recuperar áreas degradadas da Mata Atlântica, promovendo o retorno da biodiversidade nativa.
A Reserva Biológica de Una é uma unidade de conservação com cerca de 18.500 hectares e abriga diversas espécies ameaçadas, como a preguiça-de-coleira, o mutum-do-sudeste, o macaco-prego-do-peito-amarelo e, especialmente, o mico-leão-de-cara-dourada, espécie que só existe na região e foi uma das razões para a criação da reserva.
O experimento será realizado em uma antiga fazenda recentemente adquirida pelo governo federal, onde 50 parcelas de 1 hectare cada — aproximadamente o tamanho de um campo de futebol — servirão para testar diferentes estratégias de reflorestamento.
A proposta é adotar técnicas de baixo impacto, priorizando a regeneração natural, ou seja, permitindo que a floresta se recupere com o mínimo de intervenção humana. Entre as ações previstas estão a instalação de poleiros artificiais para auxiliar aves na dispersão de sementes, o uso de serrapilheira (folhas e restos orgânicos) coletada em florestas próximas como um “banco de sementes” natural, a capina seletiva para remoção de espécies invasoras ou exóticas, o plantio de árvores nativas de crescimento rápido e o monitoramento constante da regeneração da vegetação.
Além de contribuir com a conservação ambiental, o projeto também apoia a formação de estudantes de pós-graduação e gera dados importantes para a ciência. O Restaura Una é financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), com recursos de um acordo socioambiental vinculado ao Projeto Porto Sul, que envolve o governo da Bahia, a prefeitura de Ilhéus, a empresa Bahia Mineração, e os Ministérios Públicos Estadual e Federal.
A iniciativa está inserida em um esforço global para enfrentar as crises climática e de perda de biodiversidade, e contribui com a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU (2021–2030), da qual o Brasil é signatário.