Salvador está sediando o I Encontro de Estudantes das Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e Casas Familiares Rurais (CFRs). O evento reúne 125 estudantes, além de professores e monitores, e celebra os 50 anos da Pedagogia da Alternância na Bahia.
O encontro está sendo realizado no Centro Militar de Convenções e Hospedagens da Aeronáutica (CEMCOHA), no bairro de Ondina. O principal objetivo do encontro é promover a troca de experiências e apresentar projetos exitosos desenvolvidos nas escolas, fortalecendo o papel da Educação do Campo como instrumento de transformação social.
A secretária estadual da Educação, Rowenna Brito, destacou a relevância do evento como um marco para uma nova etapa da educação rural na Bahia. “O que é construído nas escolas pelos próprios estudantes tem um impacto direto em suas vidas e nas comunidades onde vivem. A força do projeto pedagógico desenvolvido nas EFAs e CFRs é um exemplo de transformação para a Bahia e para o Brasil”, afirmou.
Já a diretora de Educação dos Povos e Comunidades Tradicionais da SEC, Poliana Reis, enfatizou a importância da iniciativa na consolidação de políticas públicas. “Durante esses dois dias, os projetos das escolas serão apresentados. A partir disso, queremos ampliar a participação da juventude nas decisões sobre a Educação do Campo”, declarou.
Para José Nivaldo, secretário executivo da Associação das Escolas das Comunidades e Famílias Agrícolas da Bahia (AECOFABA), o evento representa um momento histórico para o fortalecimento da educação rural no estado. “É uma oportunidade valiosa para que os filhos e filhas de pequenos agricultores compartilhem experiências e participem ativamente do debate sobre os avanços educacionais no campo”, destacou.
A estudante Ivoneide dos Santos, de 17 anos, aluna do 3º ano da Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves, relatou a importância da vivência proporcionada pelo encontro. “Estamos acostumados a interagir apenas dentro das nossas escolas. Conhecer colegas de outras unidades é uma experiência transformadora. A formação voltada para o campo tem nos preparado como jovens profissionais capacitados e comprometidos com nossas comunidades”, disse.
Gabriel de Oliveira Cardoso, 19 anos, estudante da Escola Técnica da Família Agrícola da Bahia (ETFAB), em Riacho do Santana, também reforçou o papel das EFAs na formação dos alunos. “Essas escolas nos permitem transformar nossas realidades e as das nossas famílias. Por meio dos projetos de profissionalização, adquirimos ferramentas para melhorar nossas propriedades, transformando-as em empreendimentos sustentáveis”, afirmou.
Sobre as EFAs e CFRs
As Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e as Casas Familiares Rurais (CFRs) são instituições de ensino comunitário do campo, presentes em diversos territórios do interior baiano. Essas escolas são criadas e geridas pelas próprias comunidades rurais, com participação ativa das famílias dos estudantes, lideranças locais, educadores e movimentos sociais.
Elas adotam a Pedagogia da Alternância, metodologia que intercala 15 dias de atividades escolares com 15 dias de vivência nas comunidades, promovendo a integração entre o conhecimento acadêmico e a realidade dos estudantes.
Atualmente, 33 unidades funcionam por meio de um termo de colaboração com o Governo do Estado, atendendo cerca de seis mil estudantes. A parceria prevê apoio técnico-pedagógico da SEC e o repasse de recursos. Em 2025, estão previstos investimentos da ordem de R$ 76 milhões.
Os estudantes dessas instituições também são beneficiados por programas como o Bolsa Presença, Educa Mais e o federal Pé de Meia, que passou a incluir as EFAs e CFRs após articulação do Governo da Bahia.