Foto: Rick Ribeiro
Vapor São Salvador Ibotirama

Vapor histórico está em ruínas às margens do Rio São Francisco na Bahia

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Um vídeo recentemente divulgado pelo comunicador Rick Ribeiro reacendeu a preocupação com o destino do Vapor São Salvador, uma embarcação histórica que por décadas foi um ícone das águas do Rio São Francisco.

As imagens mostram o que resta da embarcação, completamente sucateada e abandonada às margens do rio em Ibotirama, na Bahia.

“É com muita tristeza que eu mostro a vocês o que foi um dia o vapor São Salvador. Para vocês terem ideia, esta embarcação, por mais de 50 anos, fez a linha Ibotirama a Bom Jesus da Lapa, pelo Rio São Francisco. É com profunda tristeza que eu te falo, é o fim do São Salvador, está sucateado”, lamentou Ribeiro em seu vídeo.

Atualmente, o vapor pertence à Prefeitura de Ibotirama. Ele estava atracado no cais da cidade quando foi atingido por um incêndio em outubro de 2023, junto com outras embarcações. A reportagem da Agência Sertão tentou contato com o poder público municipal, no entanto, ainda não obteve um posicionamento sobre a situação e os planos para a embarcação.

História do Vapor São Salvador

Construído em 1937, em Juazeiro, BA, pela empresa Dourado Viana & Cia, o São Salvador foi inicialmente batizado como “Alfredo Viana”. Com capacidade para transportar até 63 toneladas de carga e mais de cem pessoas entre passageiros e tripulantes, ele navegou intensamente até 1969.

Sua rota inicial incluía a linha Juazeiro (BA) a Santa Maria da Vitória (BA), antes de ser vendido, reformado e rebatizado como “São Salvador”. Após sua desativação em 1969, ele foi deixado no porto de Ibotirama, correndo o risco de destruição.

No entanto, o São Salvador teve a oportunidade de uma nova vida há cerca de 20 anos, quando foi transformado em “escola flutuante” para educação ambiental e cultura às populações ribeirinhas do Velho Chico.

Imagem de 2013 do Vapor São Salvador – Foto: Página Sítio do Mato | Facebook

Apesar da recuperação, a embarcação voltou a ficar desativada devido a problemas, como a adaptação de um motor Scania a diesel para substituir a caldeira a lenha, que apresentava falhas.

Benjamin Guimarães foi restaurado

Apesar dos desafios e do tempo de espera, o Vapor Benjamim Guimarães, último barco a vapor a navegar pelo Rio São Francisco e reconhecido como o único exemplar de sua categoria no mundo, celebrou sua reinauguração em junho, na cidade de Pirapora, Minas Gerais. A restauração marcou novo e importante capítulo na história desta embarcação, que é um símbolo e patrimônio histórico e cultural do estado.

Foto: Tauan Alencar/MME

A restauração do Benjamim Guimarães contou com investimento de R$ 5,3 milhões, incluído no Novo PAC e dentro do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba. A iniciativa permitirá a retomada do turismo na região

Construído em 1913 nos Estados Unidos, o Benjamim Guimarães chegou ao Brasil para atuar no Rio Amazonas. No final da década de 1920, ele foi levado, desmontado, para Pirapora, onde foi renomeado e destinado ao transporte de passageiros (primeira e segunda classes) e ao reboque de lanchas com cargas como lenha e gado, na rota entre Pirapora e Juazeiro.

A partir da década de 1980, passou a promover passeios turísticos. O Benjamim Guimarães foi tombado como patrimônio histórico em 1985 pelo Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) e desativado em 2014.

Antes de sua recente reinauguração, a embarcação enfrentou um período delicado. Estava há anos fora d’água em Pirapora, à espera de restauração. Sua restauração foi iniciada em 2020, mas o projeto foi paralisado, deixando o patrimônio em risco às margens do Rio São Francisco. Inclusive, para protegê-lo enquanto a restauração não era realizada, o fluxo da Usina Hidrelétrica de Três Marias teve que ser reduzido, restringindo a geração de energia.

 

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