A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou nesta terça-feira, 16 de setembro, a maior operação já registrada contra o tráfico de animais silvestres no Brasil, resultando na prisão de 47 pessoas e no resgate de mais de 700 animais mantidos em cativeiro.
A investigação, que durou um ano, revelou que a quadrilha atuava em diversos estados, incluindo Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, comercializando espécies nativas em feiras e grupos de mensagens.
Entre os animais comercializados estavam macaco-mão-de-ouro, trinca-ferro, melro, galo, tico, azulão, corrupião e até onças, muitas vezes em condições precárias de transporte e armazenamento.
Segundo o delegado André Prates, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, a quadrilha funcionava de forma organizada, dividida em núcleos:
- Caçadores, responsáveis pela captura dos animais;
- Atravessadores, que transportavam os animais para centros urbanos;
- Falsificadores, que fraudavam documentos e chips de identificação;
- Armeiros, que forneciam armas para a operação do grupo.
Em áudios apreendidos, traficantes detalhavam a captura, transporte e comercialização de espécies, como um macaco-mão-de-ouro anunciado por R$ 3,5 mil. Um dos presos teria vendido mais de 45 mil animais em um ano, movimentando mais de R$ 5 milhões.
Durante a operação, 275 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo e Minas Gerais. Os animais resgatados foram levados para a Cidade da Polícia e receberão atendimento veterinário antes de serem encaminhados para um centro de triagem na Baixada Fluminense. Muitos apresentavam baixo peso e problemas de saúde devido às condições de cativeiro.
O delegado destacou que a ação é um duro golpe contra o tráfico, que há mais de 20 anos contribui para a extinção de espécies e degradação ambiental. Ele também alertou que a compra de animais silvestres sem documentação é considerada crime de receptação.
“Animal silvestre não é pet. Ele deve estar em seu habitat natural, livre de maus-tratos e tortura, cumprindo sua função ecológica no meio ambiente”, afirmou Prates.