O Ministério da Saúde iniciou uma consulta pública para avaliar a inclusão da vacina contra o herpes zóster no Programa Nacional de Imunização (PNI). A proposta visa beneficiar idosos com 80 anos ou mais e pessoas imunocomprometidas a partir de 18 anos. A consulta estará aberta até 6 de outubro na plataforma Participa + Brasil, onde qualquer pessoa pode enviar suas opiniões e sugestões sobre o tema.
Para participar, é necessário preencher um formulário eletrônico. Os interessados podem anexar até dois arquivos com sugestões ou documentos de apoio, mas não é permitido enviar dados pessoais ou informações de terceiros sem autorização. As contribuições serão analisadas por uma comissão técnica, que decidirá sobre a incorporação da vacina.
De acordo com o Ministério da Saúde, os relatórios técnicos que sustentam a recomendação preliminar da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis para consulta. A análise e a deliberação do colegiado também podem ser conferidas no relatório divulgado pelo Ministério.
Herpes-zóster
O herpes-zóster, conhecido como cobreiro, é causado pela reativação do vírus da catapora (varicela-zóster) e afeta principalmente idosos e pessoas com imunidade baixa. A doença provoca dor intensa, febre, manchas e bolhas na pele, podendo evoluir para complicações graves, como a neuralgia pós-herpética (NPH), uma dor crônica que persiste após o desaparecimento das lesões.
Entre 2008 e 2024, o SUS registrou mais de 85 mil atendimentos ambulatoriais e 30 mil internações por herpes-zóster no Brasil. Entre 2007 e 2023, 1.567 mortes foram associadas à doença, a maioria em pessoas com 50 anos ou mais. O tratamento no sistema público envolve medicamentos para aliviar os sintomas e, em casos graves, antivirais como o aciclovir. Para a NPH, são oferecidos fármacos como amitriptilina, carbamazepina e lidocaína em gel.
Incorporação no SUS
A solicitação para a incorporação da vacina recombinante adjuvada ao SUS foi feita pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, e pelo Ministério da Saúde. A vacina contém uma proteína do vírus varicela-zóster combinada a um adjuvante, administrada em duas doses de 0,5 mL, com intervalo de dois meses.
A Conitec avaliou a segurança e eficácia da vacina, com estudos indicando eficácia superior a 80% na prevenção da doença e da NPH. Os eventos adversos mais comuns foram dor no local da aplicação, cansaço, dor muscular, dor de cabeça e febre, geralmente leves a moderados. O imunizante foi considerado seguro, mas o alto custo, estimado em R$ 5,2 bilhões em cinco anos, é um desafio. A Conitec concluiu que a vacina não oferece um benefício suficientemente significativo para justificar seu custo para o SUS.