A formação e o deslocamento de uma frente fria entre o fim de semana passado e esta terça-feira, 23 de setembro, promoveram fortes instabilidades com registro de intensas pancadas de chuva, rajadas de vento, descargas atmosféricas e queda de granizo, sobretudo na Região Sul, no Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
De acordo com nota técnica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nestas áreas, inseridos nas células e linhas de instabilidades, não se pode descartar a ocorrência de outros fenômenos severos, de caráter mais localizados como tornados, downbursts e microbursts (conhecidos como microexplosões atmosféricas, quando uma camada de ar, no interior de uma nuvem de tempestade, sofre um intenso e rápido resfriamento e praticamente despenca de altitudes elevadas, acelerando em direção ao solo, onde chega à superfície como ventos muito intensos).
A grande severidade e abrangência destes eventos é mais frequente na primavera, quando os contrastes de massas de ar no Brasil são mais acentuados.
Ainda segundo a nota técnica, em resumo, uma onda frontal se formou na noite de sábado (20) sobre a província de Buenos Aires, no norte da Argentina, devido ao aprofundamento de uma área de baixa pressão na região. Ela evoluiu para um ciclone extratropical na manhã de domingo (21) sobre o leste do Uruguai, impulsionando a agora frente fria em direção ao sudoeste do Rio Grande do Sul.
Antes disso, a situação pré-frontal já havia desencadeado tempestades no Rio Grande do Sul, no oeste do Paraná e em Santa Catarina. Com essa configuração e a presença de outra área de baixa pressão na região do Chaco (entre Bolívia e Paraguai), houve intensificação dos ventos de direção norte, abrangendo grande parte do centro-sul do país e transportando umidade amazônica ao encontro da frente fria.
No decorrer de domingo, a frente cruzou o centro-sul do Rio Grande do Sul, promovendo fortes instabilidades em todo o estado, e chegou à região metropolitana de Porto Alegre à noite. Instabilidades pré-frontais também se formaram em Santa Catarina, Paraná e São Paulo, sob a presença do canal de umidade em baixos níveis atmosféricos e uma dinâmica favorável em níveis superiores (passagem de cavado).
O canal não se restringiu a esses estados, organizando um corredor de áreas de chuva do norte de Mato Grosso, nordeste de Mato Grosso do Sul e sul de Goiás e oeste do Triângulo Mineiro entre a tarde e a noite (imagem de satélite das 20 UTC).
Com o avanço mais rápido da frente, já na madrugada desta segunda-feira (22), as instabilidades ganharam força sobre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e sul de Mato Grosso do Sul. A noite, a frente fria já estava no norte de Mato Grosso do Sul e São Paulo, chegando ao sul do Rio de Janeiro.
Devido ao seu deslocamento, promoveu tempo severo por grande parte dos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, tendo também, de forma mais esparsa, desencadeado instabilidades sobre os demais estados da região Centro-Oeste.
Nesta terça-feira, a frente está mais enfraquecida, mas ainda há risco de tempestades em uma grande área do país, seja pela própria frente fria ou pelo canal de umidade organizado à sua dianteira. Destaque para o norte do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e sul da região Norte.
Aviso de tempestade disponível em no portal de Alertas do Inmet. Nas demais áreas da faixa centro-sul do país as temperaturas continuam em declínio significativo.
Abaixo seguem os registros do Inmet mais significativos por estado associados a este sistema.