O Boletim Agroclimatológico de novembro de 2024, divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nesta segunda-feira, 11 de novembro, traz um panorama sobre o clima previsto para o Brasil até o início de 2025, destacando a tendência de chuvas abaixo da média em grande parte do território e temperaturas elevadas, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A previsão também aponta uma possível influência do fenômeno La Niña, que pode intensificar as condições climáticas extremas em algumas regiões.
Região Norte
No Norte, a previsão indica que o trimestre de novembro a janeiro será marcado por chuvas abaixo da média climatológica na maior parte dos estados, com exceção de Roraima, onde as precipitações podem estar levemente acima da normal climatológica.
A temperatura média do ar deve ficar acima dos padrões históricos em toda a região, com destaque para o Pará e Tocantins, onde os termômetros tendem a registrar os maiores aumentos.
No que diz respeito à umidade do solo, o norte do Pará, Amapá e Roraima devem manter baixos níveis de água no solo em novembro, com uma recuperação gradual nos meses seguintes, conforme aumentam as precipitações. No entanto, mesmo com a chegada do verão, o Inmet alerta que o armazenamento hídrico em Roraima e no noroeste do Pará pode continuar abaixo do ideal para as necessidades agrícolas.
Região Nordeste
Para a Região Nordeste, as previsões são de um cenário predominantemente seco, com chuvas abaixo da média histórica em praticamente toda a região, especialmente no Piauí, Ceará e Maranhão, onde a seca tende a ser mais acentuada. As temperaturas também devem permanecer acima dos padrões normais, com as áreas ao sul do Maranhão e do Piauí enfrentando calor mais intenso.
Os baixos níveis de umidade no solo previstos para novembro indicam um panorama desafiador para a agricultura.
No sul do Maranhão, Piauí e Bahia, a previsão aponta um leve crescimento da umidade do solo em janeiro, embora insuficiente para compensar o déficit hídrico acumulado ao longo dos meses anteriores.
Região Centro-Oeste
O Centro-Oeste deve experimentar um retorno das chuvas, porém com volumes ainda abaixo da média para o trimestre. As precipitações, embora insuficientes, deverão auxiliar na recuperação parcial do armazenamento hídrico do solo em novembro, aumentando mais significativamente nos meses de dezembro e janeiro.
Apenas o sudoeste do Mato Grosso e o noroeste do Mato Grosso do Sul devem permanecer com baixos níveis de umidade ao longo do trimestre.
As temperaturas seguirão acima da média em toda a região, com máximas que podem ultrapassar os 24°C, o que exige atenção dos produtores rurais, pois a combinação de calor intenso e chuvas abaixo do esperado pode impactar negativamente o desenvolvimento das culturas.
Região Sudeste
A Região Sudeste apresenta uma previsão de chuvas variada: o centro-norte de Minas Gerais e o Espírito Santo devem ter precipitações abaixo da média, enquanto São Paulo, Rio de Janeiro e o sul de Minas Gerais poderão registrar chuvas ligeiramente acima da média histórica.
Esse volume hídrico deverá contribuir para aumentar o armazenamento de água no solo, especialmente a partir de dezembro, com exceção do norte de Minas Gerais e do Triângulo Mineiro, onde a umidade do solo deve continuar em níveis baixos.
As temperaturas tendem a ficar acima da média em quase toda a região, com exceção de partes do Rio de Janeiro e do leste de São Paulo, onde os valores devem permanecer mais próximos da climatologia.
Região Sul
A previsão para o Sul é de um trimestre com chuvas próximas ou acima da média histórica, favorecendo o armazenamento hídrico adequado para as culturas de verão. No entanto, há possibilidade de uma redução gradual das chuvas no centro-sul do Rio Grande do Sul a partir de dezembro, o que pode comprometer o armazenamento de água no solo nesta área específica.
As temperaturas devem ficar acima da média em grande parte do Paraná, oeste de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Já no leste de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, as temperaturas devem se manter um pouco mais amenas, com alguns pontos registrando valores abaixo da média.
Influência do La Niña
A interação oceano-atmosfera desempenha um papel importante no clima do Brasil, influenciada por fenômenos como o El Niño-Oscilação Sul (ENOS), no Oceano Pacífico Equatorial, e pelo Dipolo do Atlântico, que é o gradiente térmico do Oceano Atlântico Tropical. No contexto atual, o Oceano Pacífico Equatorial vem apresentando anomalias de temperatura que sinalizam uma possível transição para o fenômeno La Niña entre os meses de novembro de 2024 e janeiro de 2025.
Segundo o APEC Climate Center, as condições de neutralidade observadas desde o fim do El Niño agora têm 62% de chance de evoluir para La Niña até o início de 2025, reduzindo para 55% nos meses de dezembro a fevereiro. Esse fenômeno costuma impactar o regime de chuvas no Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde pode intensificar as secas e reduzir ainda mais os níveis de precipitação.
Enquanto isso, no Oceano Atlântico, as temperaturas permanecem acima da média, especialmente no Atlântico Tropical Norte, com uma anomalia de 0,7ºC em relação ao normal. Esse aquecimento reforça a tendência de seca no Norte, já que o Dipolo do Atlântico em sua fase positiva — com o Atlântico Tropical Norte mais quente que o Atlântico Tropical Sul — inibe a ocorrência de chuvas na região.
Recomendações para o setor agrícola
O Inmet recomenda que produtores rurais em regiões com tendência de seca e altas temperaturas planejem ações de mitigação para reduzir os impactos climáticos, monitorando as previsões de curto prazo para ajustar o manejo das culturas e o uso de recursos hídricos.
Em regiões com previsão de chuvas acima da média, como o Sul, a recomendação é que os produtores estejam atentos a possíveis alagamentos e erosões no solo.
O Boletim Agroclimatológico de novembro pode ser acessado integralmente no portal do Inmet, que disponibiliza informações atualizadas para auxiliar o planejamento e a tomada de decisões no setor agrícola.