O tenente-coronel Luís Augusto Normanha de Carvalho, ex-comandante da 38ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Bom Jesus da Lapa, foi preso na manhã desta segunda-feira, 8 de setembro, no município de Santa Maria da Vitória, durante mais uma fase da Operação Terra Justa, que apura a atuação de milícias no oeste da Bahia.
Normanha é investigado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de ter sido autuado por posse ilegal de armas de fogo.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e o Ministério Público do Estado (MP-BA), as investigações apontam que, entre 2021 e 2024, o oficial teria recebido pagamentos mensais de R$ 15 mil, feitos pelo líder do grupo miliciano — um sargento da reserva remunerada da própria PM.
Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nas cidades de Correntina, Santa Maria da Vitória e Salvador. Na casa de Normanha, os agentes apreenderam documentos, equipamentos eletrônicos, armas, munições e outros materiais, que serão analisados pela perícia.
A denúncia foi recebida pela Vara Criminal de Correntina no último dia 5 de agosto, e levou ao bloqueio de bens dos investigados, que pode ultrapassar R$ 8,4 milhões. De acordo com o MP-BA, o grupo criminoso utilizava contas bancárias de terceiros para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos.
Entre 2014 e 2024, apenas na conta bancária do sargento da reserva, foram registradas movimentações de cerca de R$ 30 milhões, sendo a maior parte dos depósitos realizada por empresas do setor agropecuário.
Até o momento, a Polícia Militar da Bahia não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Normanha, que ocupava o cargo de diretor do Colégio da Polícia Militar de Bom Jesus da Lapa, foi exonerado nesta terça-feira, 9 de setembro. Seu salário líquido era de R$ 20.862,18.
Histórico de denúncias
O nome do tenente-coronel já havia sido citado em uma grave denúncia em 2020, feita pelo então deputado estadual Soldado Prisco (PSC). À época, o policial Derval Ivo Neto, conhecido como Kaká, tirou a própria vida no povoado de Juá, em Riacho de Santana.
Antes do suicídio, Kaká enviou um áudio denunciando Normanha e o sargento Manelão, alegando ser vítima de perseguições e pressões no ambiente de trabalho.
As investigações seguem em curso, e o Ministério Público afirma que trabalha para identificar outros possíveis envolvidos no esquema criminoso.