O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), divulgou nesta terça-feira, 16 de setembro, o Boletim Agroclimatológico Mensal (09/2025). O documento, que existe desde 1967, tem como missão principal fornecer informações meteorológicas direcionadas às atividades do campo.
O objetivo é auxiliar de forma mais eficiente o planejamento e as ações do setor agrícola brasileiro. A presente edição oferece um panorama detalhado das condições climáticas observadas em agosto de 2025 e projeções para os meses de setembro, outubro e novembro.
Previsão detalhada de chuvas e temperaturas para o trimestre SON 2025
As projeções agroclimáticas, resultado da colaboração entre Inmet, Cptec/Inpe e Funceme, apontam para padrões distintos de chuvas e temperaturas em todo o país.
Região Norte:
Chuvas: Volumes abaixo da média histórica são esperados para Ilha de Marajó (PA), sudeste do Pará e na região da Cabeça do Cachorro (AM), com reduções de até 50 mm. Roraima, norte do Amapá, norte do Amazonas, Acre e Rondônia devem ter chuvas próximas à média. Em setembro, a seca deve se intensificar no Pará, Amapá, Tocantins, Rondônia e centro-sul do Amazonas, com déficits hídricos superiores a 100 mm, sendo mais críticos no nordeste do Pará, centro do Tocantins e oeste do Amapá, estendendo-se ao baixo Amazonas em outubro. No entanto, novembro pode trazer uma melhor disponibilidade hídrica no oeste e sudeste do Amazonas, sul do Pará, Acre e Rondônia, favorecendo culturas perenes tropicais e agricultura familiar.
Temperaturas: Devem permanecer acima da média histórica em toda a região, com desvios de até 1,0°C em grande parte dos estados, e elevações de até 2,0°C na região central do Pará e divisa com Tocantins.
Região Nordeste:
Chuvas: Preveem-se volumes abaixo da média em todo o Maranhão, Piauí, na maior parte do Ceará, e nas porções central e noroeste da Bahia. O restante da região terá chuvas próximas à média. O déficit hídrico no interior se intensificará em setembro e outubro, com valores superiores a 100 mm, o que pode limitar o desenvolvimento de culturas de sequeiro.
Temperaturas: As temperaturas do ar deverão se manter acima da média histórica em todo o Nordeste, com valores entre 0,5°C e 2,0°C acima. As maiores elevações são previstas para o sul do Piauí e do Maranhão, enquanto as áreas litorâneas devem ter aumentos menores.
Região Centro-Oeste:
Chuvas: O prognóstico indica volumes de chuva dentro da média em quase toda a região, com exceção da porção central de Goiás, leste do Mato Grosso e Distrito Federal, onde são esperados volumes até 30 mm acima da média histórica. O déficit hídrico se intensifica em setembro no leste de Mato Grosso e oeste de Goiás, impactando culturas em maturação e elevando o risco de queimadas. Contudo, em novembro, espera-se uma reversão do quadro, com excedentes hídricos no norte e oeste de Mato Grosso, sul de Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, favorecendo o plantio da soja e do milho de primeira safra.
Temperaturas: As temperaturas tendem a se apresentar acima da média em toda a região, variando entre 1,0°C e 2,0°C acima, devido à persistência de massas de ar seco e quente, principalmente no oeste do Mato Grosso do Sul.
Região Sudeste:
Chuvas: Volumes de chuva até 30 mm acima da média histórica são previstos para o Rio de Janeiro e as porções central, sul e noroeste de Minas Gerais. As demais áreas terão condições próximas à climatologia. A deficiência hídrica predominará em setembro e outubro, especialmente no norte de Minas Gerais, triângulo mineiro e oeste paulista, podendo comprometer o plantio inicial de soja e milho, a florada do café e pastagens. Em novembro, há uma mudança no cenário, com excedentes hídricos significativos, principalmente no Vale do Paraíba, Zona da Mata e Rio de Janeiro.
Temperaturas: Devem permanecer acima da média histórica, principalmente em São Paulo e Minas Gerais (até 1,0°C acima), e no Espírito Santo e Rio de Janeiro (até 0,5°C acima). Temperaturas abaixo de 20°C podem ocorrer em áreas de maior altitude.
Região Sul:
Chuvas: Preveem-se volumes de chuva acima da média histórica em Santa Catarina, sudeste do Paraná e na maior parte do Rio Grande do Sul, com maiores volumes (até 50 mm acima) no nordeste do Rio Grande do Sul e leste de Santa Catarina. A maior parte do Paraná terá chuvas próximas à média. O excedente hídrico deverá predominar, com valores acima de 150 mm no sul do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, o que é favorável para culturas de inverno.
Temperaturas: As temperaturas do ar permanecerão acima da média em toda a região, com aumentos de até 1°C na parte oeste. No litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os aumentos serão menores (até 0,5°C). Áreas mais elevadas podem registrar temperaturas abaixo de 13°C devido a massas de ar frio.
Condições Oceânicas Observadas e Tendências
A interação oceano-atmosfera desempenha um papel crucial no clima brasileiro, com destaque para o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) no Pacífico Equatorial e o Dipolo do Atlântico.
Em agosto de 2025, o Dipolo do Atlântico caracterizou uma condição de neutralidade. No entanto, o aquecimento observado no Atlântico Norte contribuiu para o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o norte, desfavorecendo a formação de chuvas ao longo da costa norte da Região Nordeste.
No Oceano Pacífico Equatorial, as anomalias da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região Niño 3.4 mostraram valores próximos de zero nos últimos meses, indicando a persistência de condições de neutralidade. O modelo de previsão do ENOS, do Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), aponta uma probabilidade de 57% de manutenção da neutralidade para o trimestre SON 2025. Contudo, um rápido resfriamento nas últimas semanas sinaliza um possível avanço para condições de La Niña nos próximos meses.
Resumo das Condições Observadas em Agosto de 2025
Em agosto de 2025, os maiores volumes de precipitação (superiores a 150 mm) ocorreram no norte da Região Norte e em parte do litoral da Região Nordeste. No entanto, o interior do Nordeste, grande parte do Centro-Oeste e do Sudeste registraram volumes inferiores a 30 mm, resultando em baixos níveis de armazenamento hídrico no solo. A Região Sul, por sua vez, teve uma distribuição de chuvas satisfatória, com altos níveis de armazenamento de água no solo (superiores a 70%).
Quanto às temperaturas, as médias das temperaturas máximas foram superiores a 34°C no centro-norte do país, chegando a ultrapassar 36°C em áreas do Nordeste, Tocantins, Pará, Rondônia e Mato Grosso. As temperaturas mínimas médias ficaram acima de 20°C na Região Norte e no meio-norte do Nordeste, enquanto no Sudeste e Centro-Oeste variaram entre 12°C e 18°C. A Região Sul registrou mínimas entre 10°C e 12°C, com áreas de Santa Catarina em torno de 6°C, e valores ainda menores em pontos da Campanha Gaúcha.
Para mais informações e detalhes sobre avisos meteorológicos e prognósticos, o Inmet convida os interessados a acessar seu portal oficial. Confira o boletim completo.