O Navio-Laboratório de Ensino Flutuante (LEF) Ciências do Mar IV, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), zarpou na última quinta-feira, 18 de setembro, do Porto do Recife para integrar uma série de expedições científicas que percorrerão diversos trechos da plataforma continental brasileira.
A missão, que terá duração de 10 dias, é parte de uma iniciativa nacional coordenada por universidades de várias regiões do país.
O objetivo central da expedição é investigar como grandes estuários e massas de água continentais influenciam o ambiente marinho e sua biodiversidade — dos microrganismos à megafauna.
A ação é coordenada pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) e integra um esforço conjunto de instituições de pesquisa para ampliar o conhecimento sobre os ecossistemas costeiros e oceânicos do Brasil.
As amostragens científicas ocorrerão em quatro áreas estratégicas: Lagoa dos Patos (Sul), Baía de Guanabara (Sudeste), foz do Rio São Francisco (Nordeste) e foz do Rio Amazonas (Norte). Os dados coletados serão padronizados e integrados em um banco único de informações, permitindo análises comparativas de caráter biológico e oceanográfico.
Entre os parâmetros observados estão temperatura, salinidade, profundidade, composição da biodiversidade pelágica e bentônica, além de registros de cetáceos e aves marinhas.
Na região Nordeste, a coordenação científica está a cargo do professor Mauro Maida, do Departamento de Oceanografia da UFPE. A Universidade integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Biodiversidade da Amazônia Azul (INCT-BAA), que reúne diversas instituições acadêmicas do país em um trabalho colaborativo voltado ao estudo dos oceanos.
Nesta etapa da expedição, os pesquisadores percorrerão a faixa costeira entre o sul de Maceió (AL) e o sul de Aracaju (SE), realizando amostragens desde a zona costeira até a quebra da plataforma continental. “Vamos trabalhar em profundidades que variam de 20 a 500 metros. Um dos focos será o estudo dos canais escavados pelo Rio São Francisco na plataforma continental, formados quando o nível do mar era muito mais baixo”, explica o professor Maida.
Para garantir a coleta de dados precisos em diferentes camadas do ecossistema, a equipe utiliza equipamentos oceanográficos de última geração.
Entre os destaques estão o CTD & Roseta, que mede condutividade, temperatura e profundidade, além de coletar amostras de água; redes de plâncton, que analisam a base da cadeia alimentar; sensores acústicos para mapeamento do fundo marinho; coletores de sedimentos e câmeras subaquáticas, que oferecem uma visão abrangente do ambiente estudado.
Os resultados da expedição serão fundamentais para aprofundar o entendimento científico sobre os ecossistemas costeiros do Brasil e subsidiar políticas públicas e estratégias de gestão sustentável dos recursos marinhos.