POR SINDIFERRO
É lamentável a tragédia ocorrida com o Maquinista George Fagner, no último sábado (13/02), quando três locomotivas tombaram e pegaram fogo, vitimando o trabalhador de apenas 28 anos. No momento do acidente (que aconteceu no Km 773 – trecho ferroviário, entre os municípios de Licínio de Almeida e Urandi, Sudoeste da Bahia), a empresa Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) praticava a monocondução, isto é, um maquinista na operação, quando deveriam ser dois. Uma nota foi emitida pela empresa sobre o caso.
Nos últimos anos, o SINDIFERRO – Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários e Metroviários da Bahia e Sergipe tem denunciado, de forma incessante, à empresa FCA/VLI/VALE e órgãos federais, acerca das péssimas condições, em que se encontra a ferrovia nos estados da Bahia e Sergipe (há mais de 10 anos que a ferrovia sergipana deixou de operar).
Apenas em 2015, 3 descarrilamentos aconteceram na Bahia, em trechos operados pela FCA/VLI/VALE. Faltam investimentos em manutenção, onde se necessita, urgentemente, da substituição dos trilhos e dormentes, que estão podres e com vida útil ultrapassada. Necessita-se também de limpeza e regularização de valetas, bueiros e encostas.
Resolução 4.131/13 da ANTT
Se no início da concessão de 30 anos, lá em 1996, os investimentos já não era dos melhores, com a chegada da Resolução nº 4.131/13, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a situação piorou ainda mais. Em pleno vigor, desde julho de 2013, a portaria da ANTT determina a devolução dos trechos ferroviários nos estados da Bahia e Sergipe pela FCA/VLI/VALE – Ferrovia Centro-Atlântica S/A.
Protegida por este documento, a empresa, além de “esquecer” da manutenção dos trechos ferroviários, está promovendo uma grande varredura no seu quadro de funcionários – desde 05 de agosto de 2014 até o presente momento, 65 trabalhadores foram demitidos.
Está caracterizado por diversas provas concretas, que a gestão empresarial não tem mais interesse em operar a ferrovia nos estados da Bahia e Sergipe.
O SINDIFERRO e a Federação dos Trabalhadores Ferroviários da CUT, que ao longo de 19 anos de desestatização da malha Centro-Leste, a maior da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA), vêm denunciando que o processo de privatização da ferrovia, definitivamente, não deu certo. Pelo contrário, reduziu em milhares de quilômetros a ferrovia, deixando para trás um patrimônio público federal bilionário às traças, um verdadeiro abandono, um crime de lesa-pátria.
Nesse momento de dor, toda a categoria metroferroviária está ao lado dos familiares do companheiro George Ferreira. A Entidade Sindical continuará sua luta incansável para defender melhores condições de trabalho e alertar ao Governo Federal, através do Ministério dos Transportes e, em especial, a ANTT, que tem a responsabilidade de efetuar a fiscalização dos contratos de concessão e arrendamento assinados pela empresa e a União, exigindo rigor no cumprimento das cláusulas.
Já passou do momento de pedir a caducidade dos contratos, e, a malha ferroviária voltar para o controle do Estado Brasileiro.