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Sementes Crioulas
Na região semiárida da Bahia, assim como em boa parte da região Nordeste, as áreas agrícolas são caracterizadas pela presença de veranicos e a ocorrência de secas que podem se prolongar por até mais de dois anos. As condições adversas do meio ambiente, associadas ao desenvolvimento de atividades econômicas rudimentares e a extrema vulnerabilidade do sistema produtivo, constitui-se em aspectos desfavoráveis à produção agrícola e ao manejo dos recursos naturais nas regiões semiáridas do Brasil.
Como consequência das tecnologias da Revolução Verde, houve acelerada erosão genética e o desaparecimento de cultivos adaptados eco geograficamente, limitando as escolhas dos agricultores. Os conhecimentos dos agricultores sobre a seleção, tratamento e armazenagem de sementes têm se perdido neste processo de adaptação a culturas advindas de programas de melhoramento genético convencional.
Neste sentido, o Prof. Dr. José de Souza Abreu Júnior está à frente de uma pesquisa que busca promover o resgate e manutenção de sementes de espécies agrícolas crioulas e florestais nativas junto aos grupos de agricultores e agricultoras familiares da microrregião do Sudoeste baiano, principalmente na região central de Guanambi.
“Entendemos que as tecnologias de baixo custo, como as variedades crioulas, são as melhores alternativas para a sustentabilidade dos agricultores familiares. Além disso, o melhoramento dessas variedades pode ser feito nas próprias unidades familiares, pelos agricultores que detêm um enorme conhecimento destes materiais crioulos”, afirma o docente.
O projeto visa criar propostas concretas para o manejo dos recursos naturais que, no caso das sementes, possibilitam o processo de autonomia das famílias de agricultores e a valorização da diversidade local. Segundo Abreu Junior, também são objetivos da pesquisa instituir a gestão social do Banco de Sementes Comunitário e criar um banco de germoplasma de sementes.
Ainda de acordo com o docente, a pesquisa vai realizar o levantamento das sementes crioulas e espécies florestais nativas inseridas e/ou resgatadas através do Projeto Banco de Sementes Comunitário nas propriedades dos agricultores e agricultoras envolvidos; promover a discussão com os agricultores sobre a importância da produção das próprias sementes e viabilizar a implantação de uma do Banco de Sementes Comunitário pelas famílias envolvidas no projeto.