Testemunhas ouvidas pela 1ª Delegacia Seccional Centro, em São Paulo, durante as investigações sobre o incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, apontam que Ananias Pereira dos Santos, Hamilton Resende e Nireude de Jesus, conhecida como Nil, recebiam aluguéis, coordenavam a ocupação do prédio e não pertenciam a nenhum movimento de moradia, informou o delegado Marco de Paula Santos. Os três já foram ouvidos e negam os testemunhos dos moradores.
“Eles dizem que muitas pessoas recebiam os aluguéis, que não era todo mundo que pagava. É tudo mentira. Eles estão indo por esse caminho, só que a prova é no sentido contrário: que a Nil recebia todos os aluguéis, que o Hamilton era coordenador, que o Ananias era dono, enfim, as provas são no sentido contrário”, disse o delegado.
Para o delegado, há movimentos legítimos e movimentos corretos, mas não é o caso do edifício Wilton Paes de Almeida. “Não tem ente jurídico, não tem registro, não tem nada em lugar nenhum. O que tem é um movimento de boca, um movimento criado por eles mesmo, mas esse movimento não tem cadastro em lugar nenhum, não é pessoa jurídica, não está vinculado a esses movimentos mais importantes e conhecidos”, acrescentou.
No momento, a investigação prossegue com depoimentos de moradores, e aguardando os laudos sobre o prédio e a identificação dos restos mortais encontrados nos escombros. No total, cinco pessoas são consideradas desaparecidas pela polícia e já há material genético de todas as famílias para a possível identificação dos restos mortais.
Na segunda-feira (14), mais um desaparecido foi reclamado pela família e entrou na lista da polícia.
Por enquanto quatro pessoas foram identificadas como vítimas do desabamento ocorrido em 1º de maio: os gêmeos Wendel e Werner da Silva Saldanha, de 10 anos; Francisco Lemos Dantas, 56 anos; e Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, 39 anos.
A versão que prevalece sobre o início do incêndio, segundo o delegado, é a de um curto-circuito no quinto andar. “Agora, é aquilo que eu sempre digo: como é por prova testemunhal, a qualquer momento pode surgir uma outra prova testemunhal contradizendo aquela outra prova”, disse. “ O que prevalece hoje não tem porque mudar é a história do curto-circuito. Corroborando essa informação tem várias outras pessoas.”
Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil